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Ansiosos degustam por compulsão
DA REPORTAGEM LOCAL
Comer às escondidas pode
ser um dos efeitos da proibição
do consumo de chocolates em
fábricas, conforme analisa Arthur
Kaufman, médico do Departamento de Psiquiatria da USP.
Ele acredita que a política de liberação moderada adotada por
algumas empresas seja uma boa
estratégia para reduzir perdas e
uma tentativa de fazer com que o
empregado se afeiçoe ao ambiente de trabalho. "O funcionário fica
satisfeito e depois deixa os chocolates em paz", afirma.
Não é descartada, contudo, a
possibilidade de o trabalhador seguir degustando por compulsão,
já que o chocolate tem propriedades tranqüilizantes.
E a chance é alta especialmente
quando se trata de funcionários
ansiosos, segundo Luiz Rosnel,
psicólogo clínico do Centro de
Pesquisa Aplicada do campus de
Assis (SP) da Unesp (Universidade Estadual Paulista).
A política de não proibir a degustação reduz a ansiedade no
ambiente de trabalho, mas não é
garantia de diminuição do consumo na produção.
"Um ambiente de trabalho
tranqüilo ajuda, mas não é decisivo", diz, lembrando que o funcionário pode ter motivos particulares, e não necessariamente profissionais, que o aflijam e, conseqüentemente, o levem a comer
maiores quantidades. "Nem todo
ansioso é "chocólatra", mas todo
"chocólatra" é ansioso", define.
Na Fachga, as compras mensais
dos funcionários foram limitadas
a 30% do salário. Segundo a proprietária da fábrica (instalada em
São Paulo), a decisão foi tomada
depois que ela percebeu que existiam funcionários que, em alguns
meses, gastavam todo o salário
com chocolates e, depois, não
conseguiam pagar.
(SBR)
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