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Além das diligências, espião vive apuros para cumprir tarefas do cargo fictício e manter anonimato
Investigador infiltrado trabalha em dobro
DA REDAÇÃO
A vida dos detetives infiltrados
em empresas não é fácil. Além de
cumprir todas as tarefas normais
da função em que estão supostamente trabalhando, não podem
esquecer sua real missão de investigar prováveis fraudadores.
Mas como não levantar suspeitas atuando em cargos tão díspares como adestrador de cães e advogado, por exemplo? O ex-militar e policial federal licenciado Zacarias Júnior, 39, formado em direito, responde que "é preciso
usar toda a bagagem cultural acumulada durante a vida". "Qualquer conhecimento pode ser útil",
completa ele, que já se disfarçou
de auditor, cozinheiro, garçom,
vendedor e outros profissionais.
Por maior que seja a "ginga"
desses investigadores, contudo,
sempre existem situações de
aperto das quais têm de escapar.
No caso de Júnior, a última de
que se recorda foi quando estava
infiltrado como garçom da diretoria de uma companhia de tecelagem. Depois de 15 dias de investigação, um dos executivos o encostou na parede e perguntou por
que Júnior o seguia.
Para escapar sem comprometer
a investigação, fingiu que estava
apenas flertando com aquele diretor, que "começou a dar risada e
esqueceu toda a história".
O detetive Martin Elgueta Riffo,
da assessoria empresarial Acip,
também já passou por apuros.
"Para não ser pego durante uma
investigação, tive de me arrastar
pelo chão em pleno expediente."
Para aumentar as chances de
sucesso do trabalho, nem o departamento de recursos humanos
da firma sabe que contratou um
detetive infiltrado. A carteira profissional é registrada normalmente, a diferença é que o profissional
não recebe aquele valor anotado.
"A hipótese de levantar suspeitas é quase nula, trabalhamos
com 1% de margem de erro", diz a
detetive Juliana Belém, da agência
Central Única Federal dos Detetives do Brasil. Segundo ela, colocar
um investigador dentro de uma
empresa "não é um serviço que
começará do dia para a noite".
A duração média do trabalho
vai de dois a seis meses, com custos que variam conforme a empresa: de R$ 5.000 a R$ 300 mil.
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