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São Paulo, domingo, 11 de maio de 2003

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Além das diligências, espião vive apuros para cumprir tarefas do cargo fictício e manter anonimato

Investigador infiltrado trabalha em dobro

DA REDAÇÃO

A vida dos detetives infiltrados em empresas não é fácil. Além de cumprir todas as tarefas normais da função em que estão supostamente trabalhando, não podem esquecer sua real missão de investigar prováveis fraudadores.
Mas como não levantar suspeitas atuando em cargos tão díspares como adestrador de cães e advogado, por exemplo? O ex-militar e policial federal licenciado Zacarias Júnior, 39, formado em direito, responde que "é preciso usar toda a bagagem cultural acumulada durante a vida". "Qualquer conhecimento pode ser útil", completa ele, que já se disfarçou de auditor, cozinheiro, garçom, vendedor e outros profissionais.
Por maior que seja a "ginga" desses investigadores, contudo, sempre existem situações de aperto das quais têm de escapar.
No caso de Júnior, a última de que se recorda foi quando estava infiltrado como garçom da diretoria de uma companhia de tecelagem. Depois de 15 dias de investigação, um dos executivos o encostou na parede e perguntou por que Júnior o seguia.
Para escapar sem comprometer a investigação, fingiu que estava apenas flertando com aquele diretor, que "começou a dar risada e esqueceu toda a história".
O detetive Martin Elgueta Riffo, da assessoria empresarial Acip, também já passou por apuros. "Para não ser pego durante uma investigação, tive de me arrastar pelo chão em pleno expediente."
Para aumentar as chances de sucesso do trabalho, nem o departamento de recursos humanos da firma sabe que contratou um detetive infiltrado. A carteira profissional é registrada normalmente, a diferença é que o profissional não recebe aquele valor anotado.
"A hipótese de levantar suspeitas é quase nula, trabalhamos com 1% de margem de erro", diz a detetive Juliana Belém, da agência Central Única Federal dos Detetives do Brasil. Segundo ela, colocar um investigador dentro de uma empresa "não é um serviço que começará do dia para a noite".
A duração média do trabalho vai de dois a seis meses, com custos que variam conforme a empresa: de R$ 5.000 a R$ 300 mil.



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