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ONDE ESTÁ A MAMÃE?
Obrigatoriedade de contratar berçário ou escola para cuidar do filho reduz a eficiência do auxílio-creche
Tranqüilidade vale mais do que dinheiro
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar de se equipararem no
que diz respeito ao cumprimento
da legislação trabalhista, quando
postos na balança auxílio-creche e
berçário interno, o peso maior parece estar mesmo com o último.
"Se fosse para trocar [a creche]
por dinheiro, teria de ser uma
quantia alta. Devo economizar
R$ 900 com cada uma [das
filhas]", calcula Ane Cristine Fiel,
29, mãe das gêmeas Cecília e Marina, de 11 meses. Ela é enfermeira
do Hospital Albert Einstein, que
garante creche às crianças até
completarem sete anos.
Com 60 mil funcionários no
país, 45% deles mulheres, a rede
Pão de Açúcar tem um grande
problema a contornar. Segundo
levantamento do grupo, 6.890 filhos de funcionários com idade
entre zero e seis anos têm pais
com renda inferior a R$ 1.000.
A empresa fornece o auxílio-creche no limite do que é imposto
por lei, ou seja, até os seis meses
da criança. Depois, as despesas
correm por conta do funcionário.
"Precisamos de creches, mas não
temos espaço, e o investimento
seria exorbitante. Buscamos parcerias com associações de bairro,
com igrejas", diz Fernando Solleiro, 43, diretor de RH. Por outro lado, o Pão de Açúcar reembolsa
despesas escolares de fihos de
funcionários do alto escalão.
Inútil
Quando a designer Luciana Mafra, 28, voltou ao batente, fez
um acordo com Aline Borges, 26,
sua prima: para que ela cuidasse
de Ana, sua filha de cinco meses,
Mafra pagaria as mensalidades
de um curso técnico.
"Nesse caso, minha despesa não
é custeada porque minha filha
não está indo para uma creche
particular. A questão é que realmente preciso que fique com alguém de confiança, porque ela
ainda é muito pequena", explica.
Atrelar o auxílio-creche à obrigatoriedade de a criança estar matriculada numa escola é um "nó"
que compromete a alternativa.
"Babá, mãe ou parente que ajudem a mãe com a criança não têm
incentivo fiscal. Isso inviabiliza o
benefício: em vez de ajudar, torna-se inútil em alguns casos", descreve Thaís Blanco, da Hewitt.
A Gradiente, que hoje fornece
auxílio-creche aos seus colaboradores, está revendo a opção e informou pretender montar uma
creche na unidade fabril de São
Paulo. O projeto começará a ser
discutido a partir de agosto deste
ano, segundo afirma a empresa.
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