São Paulo, domingo, 11 de agosto de 2002

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PERFIL PADRÃO

Enquadrar equipes é errar redondamente

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Numa economia globalizada, em que as empresas atuam em países com culturas e hábitos diversos, a tendência é que a necessidade de se enquadrar em determinados modelos de comportamento seja superada. Ao menos é o que pensam alguns consultores.
"A economia está cada vez mais multicultural. Uma empresa, portanto, não pode manter estereótipos", diz Winston Pegler, presidente da Ray & Berndtson, multinacional especializada na seleção e na contratação de executivos.
Às vezes não é preciso nem extrapolar fronteiras. No caso do Brasil, os escritórios montados nas diferentes regiões do país já revelam o quadro de diversidade.
"Experiências heterogêneas podem ser uma vantagem competitiva", acrescenta Maria Helena Pettersson, da Ernst & Young.
Pegler conta que, certa vez, uma empresa de engenharia estava com uma imagem de "conservadora e antiquada" no mercado. "Foi preciso contratar uma profissional com estilo arrojado e informal de falar e de se vestir para mudar o ambiente de trabalho."
Isso porque um modo diferenciado de se comportar pode fazer do executivo o agente de mudanças de que a empresa necessita.

Madeixas
O professor Thomas Wood Júnior, da Eaesp-FGV, discorda. Para ele, embora algumas empresas afirmem privilegiar a diversidade, o discurso está muito à frente da prática. "Algumas companhias têm o desejo sincero de mudar. Então, trazem pessoas com perfis diferentes. Com o tempo, entretanto, o próprio sistema os expele ou então os amestra", afirma.
Uma pesquisa do Grupo Catho, feita em dezembro de 2001 com 9.174 executivos, revela o caráter conservador dos empregadores na contratação. No quesito aparência, por exemplo, os profissionais com cabelos curtos tiveram preferência em 99% dos casos.
Nesse aspecto, Eliezer Baron, 59, pode ser considerado uma exceção. Ele é diretor financeiro da SED International do Brasil, distribuidora norte-americana de produtos de informática, e mantém os cabelos compridos não por questão estética, mas por não gostar de ir sempre ao barbeiro.
"Só corto os cabelos quando minhas filhas insistem muito. Até isso acontecer, eles chegam à altura dos ombros." Isso acontece há mais de 30 anos, mas, segundo ele, quando entrou no mercado de trabalho, usava cabelos curtos. "Não senti preconceito quando decidi deixá-los crescer. As pessoas já conheciam meu trabalho."



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