São Paulo, domingo, 12 de janeiro de 2003

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TEMPOS DIFÍCEIS

Headhunters "caçam" 20% menos em 2002

Fernando Moraes/Folha Imagem
A Mariaca Associates, da sócia Patrícia Epperlein, teve de adaptar-se para não "perder o equilíbrio'


DA REDAÇÃO

Após amargurar uma crise com a queda das contratações nas empresas, se pudessem, os chamados "headhunters" -ou caça-talentos- apagariam 2002 da história. Afinal, por pouco, não foram os "caçadores" que caíram nas armadilhas do ano passado.
As razões são claras: mesmo sem estimativa oficial, as próprias empresas de "hunting" calculam uma queda de 20% dos processos de busca de profissionais no país em 2002 (veja quadro ao lado).
Já nos Estados Unidos, o principal termômetro do setor, as dificuldades foram ainda maiores: as movimentações de profissionais caíram 40%, levando a um corte de 30% dos funcionários ligados ao "headhunting" e a uma queda de US$ 1 bilhão nas receitas.
"O que aconteceu no Brasil é reflexo direto da retração nos Estados Unidos, pois as subsidiárias são afetadas pela crise de lá", explica Patrícia Epperlein, 39, sócia-diretora da Mariaca Associates.
Mesmo sendo uma das maiores do Brasil no segmento, a Mariaca teve de "comemorar" a manutenção dos resultados em relação a 2001. "Ao menos não tivemos prejuízos, o que, nesse cenário, já é positivo", afirma Epperlein.

Ano medíocre
Já a consultoria KPMG não teve a mesma "sorte": enfrentou uma redução de 20% no volume de trabalho. "Ainda sentimos, no início do ano, impactos do 11 de setembro e da crise na Argentina", lembra a diretora Patrícia Molino, 36.
Segundo ela, o mercado apreensivo com a incerteza das eleições e o dólar instável foram as razões para um segundo semestre medíocre. "Pelo menos sentimos que dezembro já foi melhor, e a tendência é voltarmos a crescer."
A consultora Denise Hind Kamel, 29, aponta o custo elevado dos "headhunters" como outro motivo da crise. "Os honorários chegam a 33% da remuneração anual total do funcionário."
Já o sócio-diretor da BW Consultoria, Luiz Wever, 37, diz acreditar que as dificuldades espelham a "perda de credibilidade da função, que se manteve estática enquanto o mercado, não". "Está na hora de alinhar-se aos objetivos estratégicos dos clientes."
(CÁSSIO AOQUI)


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