São Paulo, domingo, 12 de maio de 2002

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JORNADA INTEGRAL

Mercado leva estudante a trocar de período

DA REPORTAGEM LOCAL

A "pressão" exercida pelo mercado na escolha do período do curso pode ser conferida nos dados das próprias universidades. Os pedidos de transferência de alunos de outras escolas para o curso de publicidade e propaganda da USP (Universidade de São Paulo), por exemplo, revelam que a concorrência é de 38 estudantes para uma vaga no horário noturno, segundo a Fuvest (Fundação Universitária para o Vestibular). No matutino, são somente 14.
A situação também se repete nas universidades particulares. Segundo a Uninove, de São Paulo, a concorrência registrada no vestibular para o turno da noite é sempre superior à dos diurnos. Além disso, a partir do segundo ano, o volume de transferências faz com que sejam extintas turmas matutinas e vespertinas.
Do ponto de vista legal, não há nada de errado em solicitar a presença do estagiário na empresa por oito horas, afirmam os especialistas. "A lei do estágio não estipula uma carga máxima, diz apenas que o programa deve ser compatível com a formação", diz Vera Lúcia Marques, do CIEE.
Entretanto, para garantir essa "compatibilidade", é preciso que as empresas "sejam flexíveis diante de episódios como provas e elaboração de monografias", afirma.

Sobrecarga
A carga excessiva que enfrentou em dois estágios consecutivos no setor bancário levou a estudante de administração Carmeli Niwa Yosawa, 23, a decidir se dedicar apenas ao curso por um semestre.
"Passava oito horas na empresa, e não havia como estudar. Percebi que já estava chegando ao fim do curso e ainda precisava reforçar minha base teórica", conta. Com aulas pela manhã e à noite, Yosawa pretende adiantar o curso antes de retomar a "roda-viva".
Mas a exigência pelo estudo em horário noturno não é regra geral. O estudante de economia Cássio Gouveia, 24, por exemplo, teve duas experiências antagônicas. No primeiro estágio, precisou mudar o curso para o período da noite por exigência da empresa.
Participando de um programa de trainees de um banco de investimentos há um ano, Gouveia se surpreendeu quando foi solicitado a retomar as aulas no horário matutino. "Chego no meio do dia e fico até mais tarde. Estou rendendo muito mais na faculdade."

Hora de estudar
Vera Lúcia Marques, do CIEE, explica ainda que as atividades realizadas pelo estagiário devem ser diferenciadas daquelas desempenhadas por funcionários contratados. "O estágio tem uma finalidade específica: complementar a formação acadêmica do estudante. Isso é fundamental."
Para atender à premissa de reforçar a formação dos estagiários, a Vesta Technologies incluiu na jornada diária duas horas para estudo dentro da empresa. "É um tempo para aprofundar conteúdos relacionados à função exercida", afirma Mário Henrique Wysock, 31, responsável pelo programa de estágio da empresa.



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