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Policiais e seguranças lideram ranking de estresse; traços de agressividade foram detectados em 52%
Ansiedade atinge 82% dos profissionais
DA REPORTAGEM LOCAL
"Quando vejo um grupo de torcedores de futebol, não cobro passagem para evitar problemas. Já
abro logo a porta de trás." Para esquivar-se do estresse, o motorista
de ônibus urbano Ildeci de Oliveira, 34, põe em prática uma receita
infalível: "Não esquento a cabeça.
Se esquentar, estresso demais".
No entanto, sua postura não é
tão comum em grandes cidades.
Pela primeira vez, a profissão figura no ranking das mais estressantes (na segunda colocação),
elaborado pela Isma-BR (International Stress Management Association do Brasil) em 2003.
Rotas repetitivas, problemas de
segurança e falta de tempo até para ir ao banheiro são algumas das
causas do estresse dos motoristas.
Inédito, o levantamento verificou que 82% dos mil profissionais
consultados (de várias carreiras)
apresentam traços de ansiedade
em diversos graus, índice que surpreendeu os pesquisadores. "O
número está muito acima do esperado. A expectativa era que o
nível de ansiedade fosse permanecer por volta de 60%, o que já
configuraria uma população ansiosa", diz Ana Maria Rossi, presidente da filial brasileira da associação internacional.
Escala
O nível de estresse dos profissionais foi mensurado obedecendo a uma escala de um a sete. Freqüência, duração e quantidade de
sintomas foram contabilizadas na
pesquisa, realizada em Porto Alegre e em São Paulo.
Angústia (78%), traços de
agressividade (52%), queixas de
dores musculares (96%) e de problemas gastrointestinais (32%)
foram outros sintomas detectados pelo levantamento, que não
deixou de fora nem mesmo padres e freiras.
Muitos casos de dificuldade para dormir foram identificados entre policiais e seguranças particulares, os mais estressados, segundo a pesquisa. A insônia também
foi observada em 58% do total de
profissionais entrevistados. Mesmo fora do expediente, afirma
Rossi, os policiais estão estressados, já que é comum o temor de
sofrer represálias.
Para o professor aposentado da
Unicamp Maurício Knobel, que
está desenvolvendo pesquisa sobre qualidade de vida, o estresse
também é fomentado pelos baixos salários pagos aos policiais.
Melhores remunerações e reconhecimento social, diz ele, motivariam e amenizariam o estresse.
Profissionais que atendem ao
público (categoria em que se inserem operadores de telemarketing), bancários, profissionais da
saúde e executivos dividiram o
"pódio do estresse" na terceira
posição, seguidos pelos jornalistas, em quarto lugar.
Estilo de vida mais saudável
(leiam-se atividades físicas regulares, horas suficientes de sono e
alimentação adequada) e apoio
social da família e dos amigos aliviam o quadro, de acordo com
Rossi. Em ambiente de trabalho, o
domínio de pelo menos uma técnica de relaxamento (veja quadro
ao lado) pode ser positivo.
(SBR)
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