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'WORKAHOLICS'
Jornada é de dez horas no mínimo
Expedientes prolongados e férias pouco frequentes mostram que a compulsão por
trabalho ainda resiste entre os executivos
Na maior parte das empresas, tanto no Brasil como
no exterior, convencionou-se dizer que o "workaholism" saiu
de moda, que trabalhar além da
conta não é mais considerado positivo, pelo contrário, faz mal à
saúde. O discurso é bonito, mas
ainda não virou realidade.
Segundo Gayle Porter, professora da Rutgers University's
School of Business, de Nova Jersey (Estados Unidos), e uma das
maiores autoridades em "workaholism" do mundo, essa prática
vem, na verdade, crescendo.
"Os executivos de hoje até aceitam a idéia de que existe mais que
trabalho na vida. No entanto, na
maioria dos países desenvolvidos,
o padrão ainda é o de mais e mais
horas gastas no emprego. E ele
tem aumentado em relação às décadas passadas", afirma Porter.
A tendência é confirmada pelos
números da pesquisa Datafolha:
62% dos entrevistados afirmam
trabalhar dez horas ou mais por
dia, e 76%, mais de oito horas diárias. Só metade (55%) do universo
pesquisado tira férias todo ano e,
quando o faz, a maioria (69%)
costuma ficar somente 15 dias ou
menos afastada da empresa.
Para Gayle Porter, o "workaholism" é um vício e está mais ligado
às características individuais das
pessoas do que propriamente às
demandas externas de trabalho.
Para ela, o comportamento tem
raízes nas mesmas características
pessoais dos "outros viciados".
"O traço mais marcante do
"workaholic", que o identifica como "viciado", é o fato de o seu
comportamento causar problemas significativos, como a deterioração da saúde e o afastamento
da família e dos amigos."
Estudo da Isma-Brasil (International Stress Management Association) de 2001 com 756 profissionais em sete capitais brasileiras
mostrou que 70% dos pesquisados sofrem de estresse no trabalho. O índice pode parecer alto,
mas é semelhante ao de outros
países. Nos EUA, 72% sofrem do
problema. Na Inglaterra, 70%.
Reféns
O custo do estresse profissional
nos países da União Européia
chega a 260 bilhões ao ano (R$
874 bilhões). Os norte-americanos gastam (com licenças, rotatividade de profissionais, ausências
no trabalho) cerca de US$ 300 bilhões anuais (R$ 862 bilhões). No
Brasil, não há levantamento.
"Resolvemos estudar as causas
do estresse e descobrimos que o
motivo número um era a tecnologia", afirma Ana Maria Rossi, presidente da Isma no Brasil.
Segundo ela, depender da tecnologia e ficar sua refém em caso
de falha era o principal motivo do
estresse em 2001. Uma nova pesquisa, feita no ano passado, apontou mudança no maior agente
causador, que passou a ser o processo de fusões e enxugamentos
nos quadros das companhias.
Outro motivo citado foi o aumento da jornada de trabalho
(consequência do enxugamento).
De acordo com Rossi, nos anos
80, as pessoas trabalhavam uma
média de 40 a 44 horas semanais
-número que, nos anos 90, cresceu para 44 a 48 horas. Hoje a tendência é as pessoas gastarem de
50 a 55 horas por semana no trabalho. "E isso vai sair diretamente
da qualidade de vida."
(RENATA DE GÁSPARI VALDEJÃO)
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