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QUALIDADE DE VIDA
Trabalho ainda é rival do bem-estar
Dividida entre obrigações e vida pessoal, metade dos profissiona is se ressente de não ter tempo para família, lazer e saúde
Conciliar trabalho e vida
pessoal ainda é um dos
maiores desafios do executivo moderno, apesar de todos
os avanços das empresas. No universo pesquisado pelo Datafolha,
só metade (52%) diz ter tempo suficiente para o lazer. O esporte
não faz parte da vida de 42% deles, e 52% têm pouco tempo disponível para passar com a família.
Mas por que é tão difícil conquistar a tão sonhada qualidade
de vida? "Os valores do passado já
não respondem às necessidades
do presente, e o ser humano se
perdeu no processo da conquista
e do progresso", analisa a professora Vera Lúcia Cavalcanti, da Escola Brasileira de Administração
Pública e de Empresas da Fundação Getulio Vargas (Ebape-FGV).
"Nós temos uma bússola, dividida nas nossas várias dimensões
(familiar, cultural, espiritual, pessoal, social). O ideal é equilibrá-las, mas não conseguimos elaborar projetos para todas elas."
De acordo com Cavalcanti, as
pessoas precisam sair do campo
da intenção e entrar no plano do
projeto. "Tudo na vida é projeto."
"O homem moderno não existe.
Enquanto ele não arranjar um
tempo na agenda para si próprio,
não vai conseguir nada na vida",
afirma o preparador físico Nuno
Cobra, para quem, na avalanche
da tecnologia, o homem acabou
se esquecendo de si mesmo.
Cobra, que orientou Ayrton
Senna e Abílio Diniz, entre outros, ministra um MBA para executivos sobre qualidade de vida
na USP e é autor do livro "A Semente da Vitória" (ed. Senac).
Segundo ele, para que os profissionais respondam à altura às exigências do mundo executivo de
hoje, é necessário que tenham um
nível de saúde elevado. "E uma
pessoa triste não é saudável", avisa. O "start", segundo ele, tem de
ser dado com a respiração, atividade que os profissionais, estressados, deixaram de lado. "Conheci um executivo que "não respirava" havia uns 30 anos", conta.
Ambulatório vazio
Para Cecília Shibuya, presidente
da Associação Brasileira de Qualidade de Vida, as empresas já notaram que funcionários motivados dão mais rentabilidade e agora investem em qualidade de vida.
O número de empresas inscritas
para o Prêmio Nacional de Qualidade de Vida, por exemplo, tem
aumentado. No ano passado, o
vencedor geral foi a Roche, que
destina US$ 500 mil ao ano a um
programa social que inclui qualidade de vida. "A frequência do
ambulatório caiu", diz sua coordenadora, Rosicler Rodriguez.
Mais importante que a soma investida, no entanto, é mapear as
necessidades dos funcionários,
sob pena de as práticas não surtirem efeito, analisa Shibuya.
"Qualidade de vida é questão
pessoal, não da empresa", diz
Denys Monteiro, vice-presidente
da consultoria Fesa. Para ele, falta
de tempo é desculpa. "Conheço
presidentes de empresas que
acordam às 5h para a ginástica."
A Microsoft, no entanto, acredita que a empresa deve dar um
"empurrãozinho". Para isso, Cristina Nogueira, diretora de Pequenas e Médias Empresas, idealizou
um programa anti-sedentarismo.
"Já participamos de maratonas."
E alguns dos "atletas", que perderam em média 3 kg, nem tinham
tênis antes do programa.
(RGV)
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