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CONTRACHEQUE
Salários refletem a nova realidade
Com remuneração fixa em queda, cargos de liderança valem pelo que proporcionam como desafios e perspectiva de crescimento
Executivos são bem remunerados para que se preocupem exclusivamente com a
empresa." A afirmação, que já era
contestável, nem é mais tão segura. Por um lado, negocia-se a remuneração da chefia, sim, olho
no olho, levando-se em conta
mercado, nicho e importância do
profissional, além de bonificações
por resultados positivos.
Por outro, a cúpula convive com
a corda bamba da remuneração
variável em épocas de lucros reduzidos e a não-existência de reajustes por data-base, presente no
mercado de trabalho tradicional.
"Observamos que a desvalorização salarial alcançou os cargos
de direção", afirma Claudio Dedecca, 46, professor do Instituto
de Economia da Unicamp. "A
partir da segunda metade da década de 90, essas funções passaram a ficar sob ameaça do desemprego, o que provocou uma redução de salários em alguns níveis."
Comparando dados do IBGE
obtidos pela Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 1995 e de 2001, Dedecca
mostra que ocupações de planejamento e controle tiveram redução
de 7%. Diretores de empresas públicas tiveram acréscimo de 2,6%,
e os do setor privado, de 7,6%. A
inflação no período foi de 72,8%.
Apesar de se dizerem felizes no
trabalho, os executivos entrevistados na pesquisa Datafolha apontaram o salário como o maior porém: 30% estão insatisfeitos com a
remuneração. Para 39%, ela está
aquém das atividades exercidas.
Ainda que pareça estranha, essa
situação pode ser proposital. "Difícil é encontrar alguém que esteja
feliz com o próprio salário. É
cruel, mas não estar satisfeito pode ser visto como positivo, porque esse profissional se motiva
mais. Claro, se houver panorama
de melhora", afirma Leonardo
Fialho, consultor do HayGroup.
Poder de atração
Visão de futuro pesa porque o
que atrai executivos não é a remuneração, pelo menos não diretamente. O comprometimento depende muito mais das perspectivas que eles têm. Se não percebem
indícios de crescimento da companhia e de desafios a enfrentar, a
motivação tende a se reduzir.
Pesquisa da Mercer de dezembro de 2002 aponta que, para diretores, o salário-base está em terceiro entre fatores de atração. Em
primeiro estão os desafios, seguidos da imagem da companhia.
"A tendência é que as empresas
ofereçam mais valores intrínsecos, como qualidade no trabalho,
porque são os que promovem
motivação interna e não geram
custos", analisa Cyro Magalhães,
diretor de prática de remuneração e performance da Mercer.
Com relação aos benefícios oferecidos, dados do HayGroup
apontam crescimento entre as
empresas que dão carro (3%) e
previdência privada (12%) para
presidentes. Distribuir passagens
e/ou hospedagem nas férias caiu
de 7% para 2% desde 2000.
(PL)
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