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REALIZAÇÃO
Maioria diz ser feliz no trabalho
Em certo estágio da carreira, acréscimo na renda e ascensão já não se traduzem
em bem-estar, afirmam os especialistas
Desenvolver a habilidade da
resiliência (resistência ao
choque). Essa é a receita
básica do psiquiatra Roberto
Shinyashiki para o profissional
que busca a felicidade no trabalho. "A felicidade não é a ausência
de problemas. Isso é tédio. Felicidade é um grande problema bem
administrado", diz Shinyashiki,
um dos maiores autores de best-sellers de auto-ajuda, com cerca
de 5,6 milhões de livros vendidos.
Segundo ele, algumas pessoas já
nascem com essa capacidade, recebem um choque e voltam mais
rapidamente ao normal. As outras, porém, precisam de treino.
Shinyashiki, pós-graduado em
gestão de negócios (MBA) pela
USP, lembra que também é importante o profissional descobrir
se realmente tem vocação para o
que faz e desenvolver competências (estudar, adquirir conhecimentos). "Não adianta o médico
querer abrir um hospital se não
sabe administrar", diz.
Se a felicidade não está ligada à
falta de problemas, também não
tem relação com a remuneração
do trabalho. Ao menos é o que dizem as pesquisas dos economistas citados por Eduardo Giannetti
em seu livro "Felicidade" (veja
texto nesta página). Segundo ele,
nos países desenvolvidos, ultrapassada a barreira de um rendimento anual de US$ 10 mil per capita, acréscimos de renda não
mais se traduzem em bem-estar.
Ou seja, o nível de felicidade das
pessoas aumenta até um determinado nível de renda, após o qual
passa-se a valorizar mais outras
coisas, como tempo livre e lazer.
De fato, a grande maioria dos
entrevistados na pesquisa Datafolha (83%) se disse feliz no trabalho. O motivo para 52% é o fato de
fazerem o que gostam, seguido da
concretização dos objetivos (9%).
O salário e a estabilidade só aparecem em terceiro lugar (8%).
Para Marcelo Mariaca, diretor-presidente da consultoria Mariaca & Associates, o que determina
a felicidade do executivo é a falta
de clima punitivo. "Tudo o que se
sabe sobre liderança indica que
um clima agradável motiva as
pessoas mais inteligentes", diz.
Voluntariado
Outro fator que costuma ajudar
profissionais a se sentir realizados, diz ele, é a atuação em trabalhos voluntários. "O Brasil está se
tornando participativo nessa
área." No universo pesquisado
pelo Datafolha, um terço afirma já
participar desse tipo de iniciativa.
Celso Poltronieri Neto, 33, gerente de tecnologia e operações
do BankBoston, é um deles. Além
de participar do programa interno da empresa (Raly Social), ensina voluntariamente alunos, pais e
professores a controlar o orçamento das escolas públicas através do Excel. "Eles aprendem a
acompanhar o repasse de dinheiro da prefeitura. Se algo estiver errado, podem até entrar na Justiça", conta. "É um aprendizado de
vida, fico muito realizado."
Gustavo Baraldi Ferreira, do
Instituto Ethos, diz que, apesar de
ter havido um crescimento de oito anos para cá, a iniciativa ainda
engatinha. "Algumas empresas
têm programas, mas, em alguns
casos, é apenas um ou outro executivo que se engaja."
(RGV)
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