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TRADUZINDO
Aprendizado tem
sempre a dose de
esforço solitário
NELSON ASCHER
poeta, tradutor e colunista da Folha
Há um ponto no aprendizado das línguas estrangeiras
que é sempre autodidático.
Refiro-me ao que seria o momento do "click", o momento
preciso em que uma língua
qualquer começa a fazer sentido dentro de nossas cabeças.
Isso nem o melhor professor
pode ensinar. Apesar, por
exemplo, de ter aprendido inglês em escolas, não comecei a
me sentir como um verdadeiro
falante da língua antes de, sozinho, ter lido um livro inteiro.
Se eu já havia sido informado das estruturas gramaticais e
sintáticas, se já havia recebido
um repertório lexical, tudo para se juntar e ser, de certa forma, "ativado" em meu cérebro
precisou desse esforço de atenção e paciência, que consistiu
em ler um romance (no caso
foi "O Retrato de Dorian
Gray", de Oscar Wilde) com
um dicionário na mão, consultado sempre quando uma palavra parecia indispensável.
Mesmo uma língua aprendida do modo convencional requer dose de autodidatismo. A
combinação de aprendizado
formal e esforço solitário nunca deixa de se apresentar, variando conforme a língua, o
temperamento e os objetivos.
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