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LICENÇA PARA CRIAR
Empresas investem em cuidados com a mãe
Benefícios como creche, porém, são exceção nas grandes firmas
DA REPORTAGEM LOCAL
Na tentativa de propiciar às
mães o direito de amamentar
seus filhos até os seis meses,
algumas empresas adotam práticas que vão desde estender a
licença-maternidade a instituir
lactários e berçários nos estabelecimentos da companhia.
De acordo com um levantamento do Great Place to Work
divulgado em maio deste ano,
20% das melhores empresas
para trabalhar, segundo o critério do instituto, contam com
práticas diferenciadas para gestantes e mães-funcionárias.
As farmacêuticas Mantecorp
e Bristol-Myers Squibb, por
exemplo, oferecem lactários.
A Pfizer investiu em creche para as funcionárias da fábrica, e
a Eurofarma dá a opção de seis
meses de licença-maternidade.
Na ArcelorMittal Tubarão,
do setor do aço, as profissionais
e mulheres de funcionários recebem pré-natal, além de um
auxílio-infância. "Essa ajuda
dura até os seis anos da criança,
mas, em caso de filhos excepcionais, o benefício não pára",
diz Álvaro José Ferreira, gerente-geral de recursos humanos.
Para o pediatra Fabio Ancona, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria, medidas que priorizam a amamentação e o relacionamento
dos filhos com as mães são uma
"vitória para as crianças".
"Sob o ponto de vista nutricional, a Organização Mundial
de Saúde afirma que o melhor
alimento para os bebês até os
seis meses de idade é o leite
materno exclusivo", salienta.
Saúde da mulher
O ginecologista Waldemir
Rezende, do Departamento de
Obstetrícia do Hospital das Clínicas de São Paulo, explica que
os benefícios para a profissional que amamenta também são
grandes. "Ela reduz o sangramento do útero e, com isso, pode ter menos chance de desenvolver câncer de mama."
Mas a biomédica Natascha
Miller, 36, autora do livro "E
Agora, o Bebê Nasceu", a ser
lançado em setembro pela editora Novo Século, ressalta que a
maternidade deixa a mulher
"emocionalmente péssima".
"Ela fica com um turbilhão
de emoções desconhecidas e
trabalhar acaba sendo uma fuga boa, já que, como tudo é muito novo, ela tem a possibilidade
de voltar a ser quem era."
Mesmo assim, a licença-maternidade é fundamental, reforça Rezende: "Na prática, porém, é difícil para as profissionais liberais ou as empresárias
respeitarem esse período".
Após três meses do nascimento de seus gêmeos, a designer Camilla Sola, 31, passou a
trabalhar de madrugada. "Tive
de voltar logo porque, quando o
negócio é nosso, ele só anda direito se estamos presentes."
Já a assistente de marketing
Luciana Miquelini Leoni, 35,
que está grávida de cinco meses, afirma que vai usufruir
da licença integralmente. "Um
afastamento de quatro ou seis
meses da empresa não vai apagar tudo de bom que você fez
anteriormente", defende.
(MCN)
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