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ORIENTE NO TRABALHO
1 em 5 nikkeis já foram ao Japão para trabalhar
MARIA CAROLINA NOMURA
DA REPORTAGEM LOCAL
Há cem anos, desembarcavam no Brasil os primeiros
japoneses que buscavam, em
terras tropicais, melhores condições de trabalho e de vida.
Hoje, são seus descendentes
que viajam à terra do sol nascente com os mesmos sonhos.
Mas, no lugar da lavoura onde os imigrantes depositaram
suor, entram em cena as linhas
de produção de automóveis e
eletrônicos em que seus filhos,
netos e bisnetos empenham de
12 a 18 horas diárias de trabalho, seis vezes por semana.
O fenômeno do decasségui,
que significa "ir trabalhar fora",
teve início na década de 1980.
"Era comum ver anúncios de
trabalho muito convidativos
para os imigrantes e seus descendentes", recorda Masato
Ninomiya, presidente do Centro de Informação e Apoio ao
Trabalhador no Exterior.
Segundo pesquisa realizada
pelo Datafolha com nikkeis
-imigrantes do Japão ou seus
descendentes-, 90% deles têm
alguém da família que já foi trabalhar no Japão e 21% cruzaram o planeta para trabalhar.
Trata-se de homens e mulheres com idade entre 35 e 44
anos (42%) que permanecem
no país por 3,8 anos, em média.
O estudo do Datafolha foi feito
com 607 pessoas na cidade de
São Paulo entre 15 e 19 de fevereiro de 2008 e tem margem de
erro de quatro pontos percentuais para mais ou para menos.
Dos que ficam no Japão por
até um ano, 30% são netos de
japoneses. Entre os que permanecem até três anos, 36% são filhos, e, dos que ficam mais de
cinco anos, 40% são japoneses.
Este foi o caso de Noriko Watanabe, 67, que veio ao Brasil
com 12 anos e retornou ao Japão para ajudar no orçamento
de casa. "Sofri muito", conta.
Sua principal vantagem, lembra, foi o fato de falar japonês:
"Mas existe bastante preconceito contra os decasséguis".
Tradição
Há quem encontre a profissão de sua vida em terras nipônicas -caso de Eitor Yoshi, 38.
Impaciente por não ter emprego em sua área de formação
-computação-, embarcou para o Japão a fim de trabalhar.
"Fui para uma gráfica, mas tive o incentivo de primos para
trabalhar na clínica de meus
avós japoneses com acupuntura, uma tradição da família."
Quando voltou ao Brasil, dois
anos mais tarde, Yoshi largou
de vez a computação e começou
a estudar fisioterapia. "Sou feliz
como acupunturista", celebra.
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