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CÍRCULO DO EMPREGO
Grupos sociais formam rede de indicações
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Um momento de dificuldade,
por ironia, pode ser a melhor hora
para unir pessoas e solucionar
problemas comuns. A partir dessa constatação, cada vez mais grupos da sociedade se mobilizam
para criar "redes de emprego".
Com estrutura mais definida,
alguns chegam a realizar eventos
de incentivo a contratações. Outros, mais informais, reúnem-se
por meio da internet. Cada um a
seu modo vem obtendo resultados eficazes na indicação de profissionais participantes do grupo
para oportunidades de trabalho.
Uma experiência que mostrou
resultados começou em São Paulo
há seis anos. Pais de um colégio
sem fins lucrativos, o Rudolf Steiner, juntaram-se no momento em
que vários estavam desempregados ou em dificuldades financeiras. O colégio adota a metodologia chamada Waldorf (que busca
valorizar a educação do homem
como um todo, corpo e alma).
"A maioria dos pais que perdiam o emprego trabalhava havia
muito tempo em uma mesma
empresa e já estava na meia-idade. Além de ficarem sem referencial, tinham muita dificuldade para se recolocar", diz a líder do movimento, a cancerologista e imunologista Nise Yamagushi, 42,
que tem um filho na escola.
Os membros criaram o slogan
"Pai Waldorf contrata pai Waldorf" e um catálogo de profissionais no estilo "páginas amarelas".
No primeiro ano do programa,
montou-se guichê específico no
tradicional bazar da escola. No
ano seguinte, uma feira foi organizada com o objetivo de expor
produtos feitos pelos pais e mostrar suas aptidões e qualidades.
Realizado até hoje, o evento já
abrange outra escola que segue a
mesma metodologia, o colégio
Waldorf Micael, de São Paulo.
O projeto foi levado para lá por
Salete Sazordelli de Abreu, 48,
bancária aposentada e mãe de
aluno. "A meta para 2003 é criar
um site para ampliar o intercâmbio entre pais das escolas envolvidas", diz Salete, que atua hoje
num ateliê de artes, aonde chegou
por meio dos contatos que fez.
Projeto similar também foi implementado na escola Carandá,
há cerca de três anos. "A proposta
era resgatar a auto-estima e revisar projetos pessoais e profissionais inviabilizados pelo desemprego", diz a psicóloga e mãe de
aluno Raquel Wrona, 54, fundadora. Segundo ela, os encontros
duraram um ano, e vários participantes conseguiram trabalho por
meio dos contatos pessoais.
Conectados
E não são só escolas que geram
associações, mesmo que informais, de pessoas que tentam se
ajudar de alguma forma.
Há nove anos, os ex-funcionários da American Express, por
exemplo, formaram uma associação que hoje conta com 460 inscritos (leia texto nesta página).
Mesmo em grupos menos específicos em que o interesse não é só
profissional, muitos participantes
acabam sendo recomendados pelos outros quando há vagas.
É o caso de Mauro Grecco Cazeres, 23, engenheiro de alimentos,
que conseguiu emprego na Ajinomoto, onde atua hoje, por indicação de uma colega de faculdade.
"Montamos um grupo na internet. Quando um sabe de alguma
oportunidade, avisa os outros."
(ISABEL CASTRO)
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