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Filosofia de RH define existência de creches
DA REPORTAGEM LOCAL
Após a licença-maternidade, o
grande dilema da maioria das
mães é saber com quem irá deixar
o bebê para reassumir a atividade
profissional. Nessa hora, quem
conta com uma creche dentro da
própria empresa leva vantagem.
O problema, dizem os especialistas, é que esse tipo de benefí-
cio vem se tornando cada vez
mais escasso nas companhias.
Tomando como justificativa os
fatores custo, espaço e riscos, os
berçários vêm sendo substituídos
pelo auxílio-creche, espécie de
ajuda de custo para deixar o filho
onde for mais conveniente.
"No setor de serviços, espaços
destinados às crianças tornaram-se raridade. Já a indústria é o segmento que mais conserva a tradição, devido à concentração de
mulheres na linha de produção",
diz Leonardo Fialho Salgado, 32,
consultor da Hay Group Brasil.
No Bank Boston, em vez de creche, as funcionárias recebem
R$ 128 por criança de até sete
anos. "A opção é bem-aceita pelos
funcionários, que têm salários
médios de R$ 4.000 e preferem escolher onde deixar os filhos", explica Marcelo Santos, 40, vice-presidente de recursos humanos.
Embora não existam estatísticas
sobre a redução das creches, Salgado considera o fenômeno facilmente observável. "É uma tendência, mas não generalizada. A
opção depende muito da filosofia
de gestão de recursos humanos
adotada pela empresa", explica.
Natura e O Boticário são exemplos que mantêm a creche por
considerar o benefício positivo,
inclusive à imagem da empresa.
A creche da Natura teve projeto
arquitetônico especial para garantir boa iluminação e ambiente
agradável à permanência das
crianças, que ficam lá o dia todo.
Em O Boticário, o investimento
não é considerado supérfluo.
"Gastamos cerca de R$ 520 por
criança e só repassamos R$ 45 ao
funcionário", revela a coordenadora de recursos humanos, Márcia Vaz. "Mesmo quem não tem
filhos é simpático à proposta, e os
profissionais estão satisfeitos."
Remando contra a maré, a Gradiente está considerando a instalação de um berçário dentro do
escritório em Pinheiros (zona
oeste de São Paulo). O modelo já é
adotado na fábrica em Manaus.
"Ouvimos os funcionários e
percebemos que, embora o pagamento do auxílio-creche seja mais
prático, o berçário no local chega
até a funcionar como ferramenta
de retenção de bons profissionais", afirma Rogério Barão, 38,
gerente de recursos humanos.
Para a gerente da Bombril Cristiane Duarte, 30, "independentemente do valor do auxílio-creche,
ele não substitui o conforto de ter
a criança por perto". A companhia mantém um berçário com
enfermeiras funcionando 24 horas. "Bastava descer um lance de
escada para amamentar meu filho. Isso me ajudou a retomar minhas tarefas com tranquilidade."
Evandro Balbuena, 46, chefe de
remuneração e benefícios da
Bombril, desmente a tese de que
manter um berçário é sempre dispendioso. "Traz benefícios incontáveis, e a estrutura pode ser de
baixo custo. É um investimento
que vale a pena para empresas de
qualquer setor", afirma.
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