São Paulo, domingo, 25 de julho de 2004

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CARÊNCIA DE ESTUDANTE

Estagiário cobra retorno para seguir adiante

Fernando Moraes/Folha Imagem
Apontado na pesquisa como ponto a melhorar, Juliana Mazziero, 22, estagiária de marketing da Movicarga, concorda que "seria interessante conhecer a fundo o produto e ter mais treinamento na área"


PAULA LAGO
EDITORA-ASSISTENTE DE EMPREGOS E NEGÓCIOS

Atenção pode não ser tudo, mas é disso, principalmente, que os estudantes sentem falta nos programas de estágio das empresas. A revelação vem dos resultados preliminares de uma enquete feita em julho pelo Lab SSJ (empresa de treinamento) e pela consultoria Cia. de Talentos, obtida com exclusividade pela Folha.
A enquete, encaminhada via internet, contabiliza as opiniões de 818 estagiários de São Paulo e tem como objetivo "verificar a forma como eles avaliam e interagem com os programas de estágio", conforme explica Conrado Schlochauer, sócio do Lab SSJ e coordenador do levantamento.
Vários resultados apontam para o desejo de se sentir plenamente inserido na organização, como a cobrança por mais retornos sobre o desempenho profissional.
Quando questionados a respeito do papel que o setor de RH (recursos humanos), o chefe direto e o tutor ou o supervisor do estágio deveriam exercer, os estudantes deram à mesma opção, "oferecer "feedback'", altos índices.
A maior disparidade está com o RH: 11,5% dos entrevistados apontaram que o setor efetivamente oferece esse retorno, contra 44,8% que disseram que ele não é dado. No caso do chefe direto, 17,7% recebem "feedback", contra 30,8% que apontam a ausência. Entre os tutores, 11,8% responderam que o retorno existe, e 27,7%, que deveria existir.
Outro ponto que reforça a carência dos jovens aparece no item "indicar os melhores caminhos na empresa". O RH tem, de novo, maior discrepância no quesito: apenas 8,6% responderam que essa função é cumprida pelo departamento, contra 43,2% que gostariam que a preocupação existisse.

Sem estímulos
A estudante de administração e marketing E.C.M., 21, que pediu para não ser identificada, estagia há três anos em uma empresa de alimentação. Ela está descontente e diz que só não trocou de estágio porque não encontrou outro.
"O que faço aqui não tem nada a ver com a minha área, não há uma pesquisa para medir satisfação. Minha bolsa-auxílio é a mesma desde que entrei, enquanto a faculdade aumenta a cada ano."
"Já falei que estou insatisfeita, mas, como o custo para me manter é baixo, eles não vêem como positivo que eu cresça. Não me sinto nem um pouco valorizada."
Mas há exceções. Para dar orientação nessa fase inicial, o programa de estágio da ABB (tecnologia de energia e automação) prevê reuniões trimestrais entre estagiários e RH. "Nessa fase, saber em que eles estão bons e em que devem se desenvolver é fundamental", afirma Alessandra Nogueira, analista de desenvolvimento humano e organizacional.
Fernando Cristo Durães, 24, acabou de se formar em engenharia elétrica e vai ser efetivado na ABB após dois anos de estágio. Dentre os pontos positivos, ele destaca justamente o suporte que recebeu. "As pessoas foram muito prestativas, e o acompanhamento, efetivo", afirma.


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