São Paulo, domingo, 25 de julho de 2004

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BUSCA DE VAGAS

"Enviar currículo é um dos piores métodos"

DA REDAÇÃO

Especialista em RH e autor do livro "As Cinco Melhores Maneiras de se Conseguir um Emprego" (Sextante, 125 págs., R$ 10) o americano Richard Bolles questiona a eficácia de métodos tradicionais para buscar trabalho, como o envio de currículos, e defende técnicas inusitadas como usar as páginas amarelas da lista telefônica. Leia a seguir trechos da entrevista concedida, por e-mail, à Folha. (PAULA LAGO)

Folha - Como enfrentar o período de desemprego?
Richard Bolles -
Você o enfrenta reservando tempo para fazer um inventário de si mesmo; visitando vários lugares e pessoas que trabalham com o que você gostaria de fazer; tornando-se um voluntário em algum lugar que os aceite, para ajudar desamparados.

Folha - Encontrar trabalho tem a ver com características pessoais?
Bolles -
Sim. As primeiras questões que qualquer pessoa que esteja procurando emprego deve fazer a si mesmo são: "Com o que eu gostaria de trabalhar?", "Com as mãos, com o cérebro ou com o coração?", "Eu prefiro trabalhar com coisas, com dados, idéias e informações ou com pessoas?" e "Em quais dessas áreas eu tenho mais experiência?".

Folha - O senhor incluiu o envio de currículos entre os cinco piores métodos. Por quê?
Bolles -
Nós gostamos, a maioria de nós gosta, da "sabedoria das ruas". Nós ouvimos conselhos e fofocas nas ruas sobre muitas coisas. E raramente, senão nunca, checamos se esses conselhos são verdadeiros. A sabedoria das ruas precisa de algumas evidências, de alguns dados, de algumas estatísticas. Há provavelmente 60 milhões de currículos na internet hoje. A resposta sobre se isso funciona vem de uma empresa chamada Forrester Research. Eles descobriram que somente 4% das pessoas encontraram trabalho pela internet. Você entraria num avião com essas probabilidades? As pessoas que enviam currículo pela internet fazem isso porque desconhecem as probabilidades.

Folha - No Brasil, os maiores empregadores são as pequenas e médias. Mas essas não são necessariamente as "empresas dos sonhos".
Bolles -
Isso é verdade, se tudo o que você quiser num trabalho for o salário. Mas se você pensar em um trabalho como um lugar para passar o tempo fazendo o que você gosta, pequenas empresas podem ser o "trabalho dos sonhos". Além disso, elas-algumas delas- crescem! E o dinheiro que você recebe, também.

Folha - O senhor diz que quem procura uma vaga deve ver a busca como um emprego. Explique.
Bolles -
Claro. Quem procura emprego não o persegue com muita persistência. A maior parte das pessoas que procuram trabalho nos EUA o fazem cerca de cinco horas por semana. Você deve passar de 35 a 40 horas semanais procurando uma vaga. Pense como se você já tivesse um emprego.

Folha - Não é raro quem procura trabalho chegar ao ponto de perder a esperança. Como evitar isso?
Bolles -
Encontrar um grupo de desempregados. Se você não achar, forme o seu com outros profissionais que você conheça, para que vocês troquem experiências sobre a busca da colocação. E lembre-se: procurar trabalho não deve ser uma atividade em que se faça tudo sozinho. Fazendo com outros é que você se mantém firme e com esperança.


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