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BUSCA DE VAGAS
"Enviar currículo é um dos piores métodos"
DA REDAÇÃO
Especialista em RH e autor do
livro "As Cinco Melhores Maneiras de se Conseguir um Emprego"
(Sextante, 125 págs., R$ 10) o americano Richard Bolles questiona a
eficácia de métodos tradicionais
para buscar trabalho, como o envio de currículos, e defende técnicas inusitadas como usar as páginas amarelas da lista telefônica.
Leia a seguir trechos da entrevista
concedida, por e-mail, à Folha.
(PAULA LAGO)
Folha - Como enfrentar o período
de desemprego?
Richard Bolles - Você o enfrenta
reservando tempo para fazer um
inventário de si mesmo; visitando
vários lugares e pessoas que trabalham com o que você gostaria
de fazer; tornando-se um voluntário em algum lugar que os aceite, para ajudar desamparados.
Folha - Encontrar trabalho tem a
ver com características pessoais?
Bolles - Sim. As primeiras questões que qualquer pessoa que esteja procurando emprego deve fazer a si mesmo são: "Com o que
eu gostaria de trabalhar?", "Com
as mãos, com o cérebro ou com o
coração?", "Eu prefiro trabalhar
com coisas, com dados, idéias e
informações ou com pessoas?" e
"Em quais dessas áreas eu tenho
mais experiência?".
Folha - O senhor incluiu o envio
de currículos entre os cinco piores
métodos. Por quê?
Bolles - Nós gostamos, a maioria
de nós gosta, da "sabedoria das
ruas". Nós ouvimos conselhos e
fofocas nas ruas sobre muitas coisas. E raramente, senão nunca,
checamos se esses conselhos são
verdadeiros. A sabedoria das ruas
precisa de algumas evidências, de
alguns dados, de algumas estatísticas. Há provavelmente 60 milhões de currículos na internet
hoje. A resposta sobre se isso funciona vem de uma empresa chamada Forrester Research. Eles
descobriram que somente 4% das
pessoas encontraram trabalho
pela internet. Você entraria num
avião com essas probabilidades?
As pessoas que enviam currículo
pela internet fazem isso porque
desconhecem as probabilidades.
Folha - No Brasil, os maiores empregadores são as pequenas e médias. Mas essas não são necessariamente as "empresas dos sonhos".
Bolles - Isso é verdade, se tudo o
que você quiser num trabalho for
o salário. Mas se você pensar em
um trabalho como um lugar para
passar o tempo fazendo o que você gosta, pequenas empresas podem ser o "trabalho dos sonhos".
Além disso, elas-algumas delas- crescem! E o dinheiro que
você recebe, também.
Folha - O senhor diz que quem
procura uma vaga deve ver a busca
como um emprego. Explique.
Bolles - Claro. Quem procura
emprego não o persegue com
muita persistência. A maior parte
das pessoas que procuram trabalho nos EUA o fazem cerca de cinco horas por semana. Você deve
passar de 35 a 40 horas semanais
procurando uma vaga. Pense como se você já tivesse um emprego.
Folha - Não é raro quem procura
trabalho chegar ao ponto de perder a esperança. Como evitar isso?
Bolles - Encontrar um grupo de
desempregados. Se você não
achar, forme o seu com outros
profissionais que você conheça,
para que vocês troquem experiências sobre a busca da colocação. E lembre-se: procurar trabalho não deve ser uma atividade
em que se faça tudo sozinho. Fazendo com outros é que você se
mantém firme e com esperança.
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