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ASSÉDIO MORAL
Um risco invisível no trabalho
MARGARIDA BARRETO
MARIE FRANCE HIRIGOYEN
ESPECIAL PARA A FOLHA
Assediar moralmente envolve
atos e comportamentos cruéis e
perversos perpetrados frequentemente por um superior hierárquico contra uma pessoa, com o objetivo de desqualificá-la, desmoralizá-la profissionalmente e desestabilizá-la emocionalmente. O
ambiente de trabalho torna-se insuportável e hostil, e a vítima sente-se forçada a pedir demissão.
Observe se sofre assédio, se há
exposição prolongada e repetitiva
a situações vexatórias, constrangedoras, antiéticas, desumanas e
humilhantes no ambiente em que
a relação do subordinado com o
chefe é de submissão e sujeição,
uma assimetria de poder.
Assédio moral não resulta do
mau humor do chefe, em que se
resolve a "contenda" com diálogo
ou pedido de desculpas. No assédio moral existe um claro objetivo
de prejudicar uma determinada
pessoa e de se livrar dela.
Os atos são repetitivos e podem
ser sutis, é o dito e o não-dito, o
oculto e o não-verbalizado, que
vai esmagando o outro. A estratégia de quem pratica esse assédio é
isolar, ignorar, atingir a sensibilidade do outro. Constitui uma experiência subjetiva que interfere
nos sentimentos e nas emoções,
altera o comportamento. Agrava
doenças ou desencadeia novas.
É fundamental dar visibilidade
ao que está sendo velado e ocultado. Aborde o agressor e procure
conversar e dialogar calmamente
e preferencialmente com uma testemunha. Faça um dossiê do que
vem sofrendo. A vítima deve procurar ajuda visando se fortalecer e
não se sentir culpada.
Conte a colegas. Isso alivia a dor
e reforça os laços de amizade, pois
a erradicação do assédio passa pelo apoio e pela solidariedade. As
estratégias são variadas; exigem
ações preventivas que envolvam
diferentes atores, sem excluir, em
qualquer de suas manifestações, a
responsabilidade da instituição.
Margarida Barreto, 54, é médica do
trabalho e pesquisadora do Neixn
(Núcleo de Estudos Psicossociais da Dialética Exclusão/Inclusão Social);
Marie France Hirigoyen, 52, é psiquiatra, psicanalista, psicoterapeuta, com
especialização em vitimologia nos Estados Unidos e na França e autora do livro
"Harcèlement Moral" (Assédio Moral)
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