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PREVIDÊNCIA NO TOPO
Número de empresas que instituem fundos de pensão para os seus profissionais dispara em 2003
Planos privados viram benefício cobiçado
RENATO ESSENFELDER
EDITOR-ASSISTENTE DE EMPREGOS E NEGÓCIOS
Nos últimos anos, o tema previdência deixou de ser uma questão
restrita ao governo ou à necessidade de equilíbrio das contas públicas. Para a maioria das grandes
empresas do país, ganhou força
como atrativo para bater a concorrência ao atrair e reter os melhores talentos do mercado.
O debate das últimas semanas
sobre a reforma da Previdência
acelerou esse processo. Seja por
pressão dos funcionários, seja por
uma questão de diferencial estratégico, mais companhias estão investindo em planos de aposentadoria para seus empregados.
Pesquisas das consultorias Towers Perrin, Deloitte Touche Tohmatsu Brasil e Hay Group obtidas
com exclusividade pela Folha revelam que nunca tantas empresas
do país ofereceram esse benefício.
Dependendo da amostragem
ouvida, os resultados apontam
que entre 43% (das empresas de
todos os portes) e 69% (das multinacionais) presentes no Brasil já
oferecem o benefício.
Paralelamente, estudo da
Anapp (Associação Nacional de
Previdência Privada) mostra que,
de janeiro a abril deste ano, as entidades do setor faturaram nada
menos do que R$ 1,23 bilhão com
planos empresariais de aposentadoria. Em relação ao mesmo período do ano passado, o crescimento foi de 118%. Hoje, 26% de
todos os planos de previdência
comercializados no mercado são
para clientes empresariais.
"Toda vez que o governo traz o
tema à tona, faz marketing sobre a
necessidade de previdência", avalia o gerente da área de aposentadoria da Towers Perrin, Felinto
Sernache. "Isso influi na demanda por alternativas mais interessantes de futuro", completa Fábio
Mandarano, gerente da área de
capital humano da Deloitte.
Pequenas, mas atrativas
A firmação da previdência privada como benefício de peso faz
com que a oferta dos planos não
esteja restrita a multinacionais.
Empregados de empresas médias
e até de pequenas, em termos de
pessoal, têm a chance de receber
aposentadoria mais gorda.
"Quem trabalha com mão-de-obra muito especializada, como
escritórios de advocacia, consultorias e outros, tem interesse em
planos de previdência para reter
os funcionários", explica o diretor
corporativo da seguradora Canada Life, Luiz Bruzadin. O mercado
é tão promissor que a companhia
decidiu focar sua ação, neste ano,
em empresas de médio porte.
"Imagino um dia em que toda
empresa de médio porte ou maior
oferecerá essa complementação,
pois qualquer um que ganhe mais
de R$ 2.500 mensais tem de se
preocupar com a aposentadoria
mesmo", pondera Luiz Alberto
Alvernaz, diretor-geral da consultoria William Mercer no Brasil.
Mas, na opinião do consultor
Leonardo Fialho, da Hay Group,
esse dia pode estar longe. Segundo ele, não há tendência imediata
de universalização do benefício.
"[A previdência complementar] ainda está a uns dez anos de se
massificar como os planos de saúde", opina. Segundo pesquisa da
própria Hay Group, contudo, a
oferta de previdência complementar nas corporações cresce
rapidamente: foi de 49% das empresas em 2001 para 61% em 2002.
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