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BARRADOS NO EXAME
Conselhos seguem OAB e instituem avaliação para "filtrar" e credenciar recém-formados
Diploma não assegura atuação profissional
PALOMA VARÓN
FREE-LANCE PARA A FOLHA
O mercado de trabalho quer
mais do profissional recém-formado do que "apenas" o diploma,
que comprova a conclusão do
curso superior. Quer testá-lo antes de credenciá-lo a atuar na carreira na qual se formou.
Essa exigência vem dos conselhos profissionais de algumas
áreas, que querem "filtrar" a
entrada dos graduados no mercado, a exemplo do que a OAB
(Ordem dos Advogados do Brasil) faz, desde a década passada,
com o exame da Ordem.
Que os futuros advogados têm
de se submeter a uma avaliação
não é novidade. O que surpreendeu alguns estudantes foi que outros conselhos profissionais decidiram fazer o mesmo. Atualmente, para ser veterinário ou contador, por exemplo, não basta ter o
diploma, é preciso ser aprovado
no exame de sua categoria.
Essa tendência é seguida por
outros conselhos -veja quadro
nesta página- que estudam a
implantação do teste como uma
maneira de selecionar quem ingressa no mercado. Hoje só o diploma, dizem os especialistas, não
atesta a aptidão de um profissional para exercer sua carreira.
"Há faculdades que não são rigorosas com os alunos, que os
aprovam de qualquer jeito", afirma Ivette Senise Ferreira, presidente da Comissão de Estágio e
Exame da Ordem da OAB-SP e
professora da Faculdade de Direito da USP (Universidade de São
Paulo), que, como outros membros de conselhos, mostra-se
preocupada com a crescente
abertura de faculdades no país.
Sob liminar
A contadora Alessandra Nolasco, 32, terminou o curso em 1999
e, no ano seguinte, submeteu-se
ao primeiro exame de proficiência aplicado pelo CFC (Conselho
Federal de Contabilidade). "Eu
lembro que houve algumas
discussões antes da implantação
da prova, mas a gente achou normal ser avaliado", conta ela, que
foi aprovada de primeira.
Nem todos, porém, encaram o
exame com naturalidade, e um
indício são as freqüentes liminares de formados contrários à medida. No caso da contabilidade,
ocorreram tantas controvérsias
que, apesar de o CFC ter regulamentado o exame em todo o país,
uma liminar exclui, desde o início
de 2004, o Estado de São Paulo,
onde a reprovação chegava a 45%.
Isso foi o suficiente para que
Andréia Alves da Silva, 32, conseguisse o registro profissional do
Conselho Regional de Contabilidade mesmo tendo sido reprovada na avaliação de 2003 (cada entidade realiza de duas a três provas por ano). "Fiquei sabendo da
liminar e consegui tirar a carteirinha em março deste ano", conta.
A brecha existe porque, apesar
de os conselhos regulamentarem
o exame, ele não tem poder de lei,
e os candidatos podem recorrer.
Para evitar transtornos, Edson
Taki, vice-presidente do Conselho Federal de Farmácia, disse haver uma comissão que estuda como promover alterações no projeto que cria o exame. "Estamos
discutindo desde o início do ano.
É uma ação conjunta das comissões de legislação e de ensino.
Queremos implantá-lo em julho."
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