São Paulo, domingo, 29 de setembro de 2002

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3º SETOR, PROFISSIONAL DE 1ª

Trabalhar no terceiro setor exige até MBA

Roberto Assunção/Folha Imagem
A bióloga Melissa Pimentel, que fez curso de mestrado em gestão no terceiro setor, em Londres


FLÁVIA MARREIRO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O trabalho no terceiro setor é muitas vezes motivado por satisfação pessoal. Mas isso não significa que as ONGs (organizações não-governamentais) escolham profissionais de maneira improvisada e sem nenhum método.
Pelo contrário, tornam-se cada vez mais exigentes. Entre as qualificações para cargos disponíveis, estão conhecimento de três idiomas e experiência de cinco anos. Já existe até MBA para "ongueiros".
As opções de carreira também são variadas, incluindo profissionais das mais diversas áreas, de ciências sociais a biologia.
Os salários ainda são menores do que os das empresas privadas (o segundo setor) e não são comparáveis aos pagos pelo governo (primeiro setor). Mas o trabalho, na opinião dos profissionais, oferece ganho pessoal difícil de encontrar em outros campos.
"O terceiro setor ocupa 2,2% da mão-de-obra do país e tem potencial para ocupar 7%", diz Luiz Carlos Merege, coordenador do Centro de Estudos do Terceiro Setor da Escola de Administração de Empresas de São Paulo, ligada à Fundação Getúlio Vargas.

Sem euforia
Apesar de concordarem sobre o crescimento da demanda, consultores ouvidos pela Folha dizem que não há motivo para euforia. "Sem dúvida, é um mercado que se está abrindo, que caminha para a profissionalização, mas ainda não está maduro", analisa Tânia Casado, vice-coordenadora do Centro de Estudos do Tercei- ro Setor da Fundação Instituto de Administração, da USP (Universidade de São Paulo).
Para Sergio Napchan, consultor da Nicholson para práticas de saúde e terceiro setor, o cenário econômico ruim impede que haja mais contratações. "As equipes são muito enxutas", afirma.
A prioridade de quem busca uma colocação em ONG não é o salário. Segundo a professora Tânia Casado, o compromisso com uma causa social é uma característica desse profissional.
Além dos salários, outra desvantagem é a ausência de planos de carreira ou de benefícios na maioria das entidades. Mesmo assim, há quem tenha todas essas vantagens na iniciativa privada e ainda queira experimentar a troca. "Já recebemos altos executivos interessados em redirecionar a carreira para o terceiro setor", conta Napchan.
Geralmente, eles conseguiram cargos altos muito cedo. "Já ganharam dinheiro nos bancos, agora querem um trabalho que equilibre o espírito", afirma Gerson Correia, da consultoria DBM.



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