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MERCADO ANIMADO
Setor abrange filmes institucionais, games e internet, mas não dispõe de mão-de-obra
País é carente de profissionais qualificados
PAULA LAGO
EDITORA-ASSISTENTE DE EMPREGOS E NEGÓCIOS
O que os filmes "Kill Bill", "O
Senhor dos Anéis" e "O Homem
que Copiava" têm em comum
com o seriado da TV Globo "Sob
Nova Direção"? A resposta está
no detalhe: o uso da animação.
Esse mundo, diferentemente do
que se costuma pensar, não se limita a programas infantis. Sua
presença se estende a propagandas, a filmes institucionais, a games e à internet, o que indica o
potencial do ramo -geralmente
visto inicialmente como hobby e
só depois como carreira.
Foi assim com Mauricio de Sousa, 68, há 23 anos na animação, e
com Walbercy Ribas, 61, autor do
longa "O Grilo Feliz", há 37 anos
no ramo. E tem sido assim também com Fábio Valle de Oliveira,
26, ilustrador free-lancer e ex-publicitário que atualmente freqüenta um curso de animação.
Alguns fatores comprovam o
amadurecimento do setor no
país: a organização de festivais, a
preocupação com a formação,
as discussões sobre a falta de séries nacionais na TV e sobre leis
de incentivo que atendam às necessidades da animação.
Outro elemento é o número de
atuantes: nos anos 70, segundo o
Instituto Brasileiro de Cinema Digital, eram 15 os profissionais.
Hoje, são 300 produtoras, contabiliza a ABCA (Associação Brasileira de Cinema de Animação).
"O mercado está crescendo, e a
movimentação é cada vez maior.
O que falta é material brasileiro
em circulação", afirma Arnaldo
Galvão, 47, diretor da ABCA.
Em expansão, mas carente
A carreira ainda sofre com a carência de trabalhadores qualificados. Profissionais da área ouvidos
pela Folha afirmam que o mercado sente falta de animadores, de
desenvolvedores de "storyboard"
-que transformam um roteiro
em linguagem de animação-, de
planejadores e de roteiristas.
Essa carência pesa no salário.
Não há uma tabela oficial, mas
um animador ganha de R$ 100 a
R$ 350 por segundo produzido
(cena de 12 desenhos). O valor pode superar essa média quando a
equação tem a favor dois quesitos:
experiência e trabalho a ser desenvolvido. A mesma lógica leva
iniciantes a atuarem de graça.
"Sobreviver de animação depende dos contatos que você fizer",
diz Fábio Valle de Oliveira.
"Temos excelentes ilustradores
e diretores de animação, mas falta
um corpo de profissionais [de
apoio] que faça essa estrutura andar", diz Aída Queiroz, diretora
do festival Anima Mundi e professora de animação da PUC-RJ.
Mauricio de Sousa completa:
"Há uma demanda mundial por
animação de qualidade. A Itália,
por exemplo, conquista picos de
audiência transmitindo desenho
animado brasileiro. Enquanto
não entendo a ausência da Turma
da Mônica nas TVs daqui [a previsão é de estréia em junho no canal pago Cartoon Network], vou
usando outros países".
Agenda
Dois eventos podem interessar a
quem quer entrar na área: O
Mundo dos Quadrinhos, do Senac (0/xx/11/3866-2500), que é
grátis e acontece amanhã e de 15/7
a 17/7, e o Anima Mundi (www.animamundi.com.br), de 9/7 a
18/7 no Rio e de 21/7 a 25/7 em São
Paulo, com exibições pagas.
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