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MERCADO ANIMADO
Estúdios capacitam em "causa própria"; técnica não pode ser foco único dos cursos
Brasileiro pode deixar autodidatismo de lado
DA REDAÇÃO
Praticamente a totalidade dos
brasileiros que atuam profissionalmente com animação é autodidata, segundo dados do setor.
Há algum tempo, porém, o panorama vem mudando. Exemplo
disso são os estúdios que já serviam de escola extra-oficialmente
e hoje são também formadores de
mão-de-obra. Neste ano, entraram para o mercado pelo menos
duas opções: a Academia de Animação, que oferece cursos profissionalizantes, e a especialização
em animação da PUC-RJ.
Outro que pretende entrar na
jogada é Mauricio de Sousa. "Tenho o projeto de lançar um longa
por ano e de produzir desenhos
animados. Já não tenho gente para fazer isso e talvez seja obrigado
a fechar parceria com algum estúdio do exterior para finalizar esses
produtos. A formação de profissionais é fundamental, e estou negociando com o governo algo
nesse sentido", afirmou.
Marcelo De Moura, diretor da
Academia, voltou para o Brasil
após 12 anos nos Estados Unidos,
onde trabalhou com estúdios
grandes, como a Disney. A intenção era clara: abrir um estúdio e,
paralelamente, uma escola.
"Toda arte precisa ser aprendida, e, em animação, não havia isso. Os brasileiros ou são autodidatas ou estudaram fora. Como
tenho interesse em projetos de
grande porte, sabia que iria esbarrar na questão "gente qualificada'", conta De Moura.
E não é só saber desenhar. Clóvis Vieira, do Instituto Brasileiro
do Cinema Digital, diz que falta
uma formação geral. "Apenas saber desenhar ou mexer num software não basta. É preciso entender de movimentos, de criar personagens, de contar história. O
que me permitiu fazer o filme
["Cassiopéia", primeiro longa
brasileiro totalmente digital] não
foi um programa, e sim os meus
20 anos de experiência", observa.
Mas a informalidade traz compensações: "Por ser autodidata, o
brasileiro dá soluções impensáveis a quem tem uma formação
tradicional", diz Ale McHaddo,
professor do Senac-SP e um dos
coordenadores do grupo que
criou o game "Ciber Cabra".
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