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INSPIRE RESPIRE TRANSPIRE
Por água abaixo
Nadar de maneira incorreta sobrecarrega as articulações dos ombros e da coluna e diminui o rendimento nos treinos
JULLIANE SILVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A sabedoria popular
atesta que nadar não
tem contra-indicação
e serve para curar males da coluna e do sistema respiratório (e ainda cria mitos
olímpicos). Mas os especialistas ponderam: a falta de orientação e de técnica pode ter resultado oposto, levando a dores, diminuição de rendimento,
lesões nas articulações dos ombros e dores na coluna. "Se o
praticante nada 2.000 metros,
são cerca de 4.000 braçadas por
treino, por exemplo. Imagine
fazê-las de forma errada três
vezes por semana", indaga William Urizzi de Lima, consultor
pedagógico da academia Gustavo Borges e ex-treinador da Seleção Brasileira de Natação.
Há muito nadador focado somente no desempenho. "O
grande barato para o aluno é a
metragem e, para aprender a
executar a técnica corretamente, diminui-se a distância percorrida durante o treino. Ele
não quer isso", diz.
A técnica malfeita faz com
que o nadador tenha de se esforçar mais para manter o corpo estável e deslizar melhor. O
resultado pode ser cansaço e
pior desempenho no treino.
Por isso, é melhor nadar menos enquanto se aprende a técnica, para, depois, tirar proveito dos resultados, como aconteceu com o bancário Renato Simões, 29. Quando treinava por
conta própria, sentia dores nos
ombros e na coluna lombar,
pois levantava muito o pescoço
para respirar e alongava pouco
os braços durante os movimentos. Ao começar a treinar com
orientação de um professor,
passou a nadar em muito menos tempo a mesma distância.
Nadar direito possibilita o
melhor proveito do esporte que
amplia a capacidade cardiorrespiratória, leva à queima de 6
a 13 calorias por minuto e envolve até 80% dos músculos do
corpo, incluindo os que não são
usados, por exemplo, na prática
de caminhada e corrida.
Técnica
No nado livre (ou "crawl"), o
estilo mais praticado, uma respiração errada pode causar torções em pontos diferentes da
espinha dorsal e sobrecarregar
o pescoço. "Se o movimento de
perna não é correto, com boa
estabilidade do quadril na água,
o nadador tende a torcê-la, e o
impacto pode ser tão grave como o de um salto", compara
William Morales, preparador
físico da Confederação Brasileira de Pólo Aquático.
Por isso, quando o braço sai
da água, os ombros e o tronco
devem rodar para facilitar a virada do pescoço. Como o movimento deve ser rápido, é preciso que os pulmões tenham se
esvaziado por completo para
captar a maior quantidade de ar
possível: expire todo o ar enquanto mantém a cabeça submersa na água.
A rotação do corpo também é
muito importante para o nado
de costas, que força ainda mais
a articulação dos ombros. Para
facilitar a estabilidade do corpo
durante os movimentos, a cabeça deve permanecer em posição normal (nem para cima,
nem para baixo) -do contrário,
as pernas tendem a cair. O abdômen contraído e o movimento constante das pernas ajudam
a manter o tronco paralelo à
piscina e o corpo estável.
Auxiliares
O palmar, espécie de raquete
feita de material rígido que fica
presa às mãos, aumenta a superfície de contato dos membros com a água e, conseqüentemente, a força das braçadas.
"Está na moda e todo mundo
quer usar. É atrativo porque
aumenta a velocidade do nado", diz William Urizzi.
Mas é preciso ir com calma.
Como amplifica os movimentos, pode enfatizar os malefícios de uma braçada errada e
também dificulta a retirada dos
braços da água.
Por isso, o nadador deve dominar muito bem a técnica antes de começar a usar o palmar
nos treinos e sempre ter orientação do professor. Ao atingir
um bom nível nos movimentos,
pode usar o acessório do tamanho da mão, aumentando sua
dimensão gradativamente.
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