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Em discurso da vitória, petista diz ser 'segundo poste' de Lula Lançado contra a vontade de setores do PT, Haddad afirma que não teria êxito sem o ex-presidente Eleito lança acenos à classe média e diz querer quebrar 'muro da vergonha' entre pobres e ricos em SP DE SÃO PAULOLançado pelo ex-presidente Lula sem nunca ter disputado um cargo nas urnas, o professor universitário e ex-ministro Fernando Haddad (PT), 49, foi eleito ontem para administrar São Paulo nos próximos quatro anos. O futuro prefeito da maior cidade do país recebeu 55,6% dos votos válidos no segundo turno, contra 44,4% do ex-prefeito e ex-governador José Serra (PSDB), 70. Sua vitória devolve a capital paulista ao PT oito anos depois de Marta Suplicy ser derrotada por Serra em sua tentativa de se reeleger. Ministro da Educação nos governos Lula e Dilma Rousseff, Haddad foi irônico ao rebater as críticas dos adversários que o compararam a um "poste" que só conseguiria se eleger por causa do apoio do ex-presidente. Ele se comparou a Dilma, que também recebeu o rótulo antes de ser eleita em 2010. "Vocês sabem que eu sou o segundo poste do Lula. Tão sabendo disso, né?", perguntou a militantes à noite, do alto de um trio elétrico na avenida Paulista. "Tem algum candidato a poste aqui?" Mais cedo, em discurso lido para a TV, ele atribuiu sua vitória ao padrinho político. "Agradeço ao presidente Lula do fundo do meu coração pela confiança, pela orientação e pelo apoio sem os quais seria impossível lograr qualquer êxito", disse. DESABAFO O petista também fez um desabafo com referências a temas usados por Serra para atingi-lo no segundo turno, como o kit anti-homofobia. Disse que São Paulo "não é uma cidade conservadora", mas tem "forças conservadoras" em atividade na política. Ele prometeu combater a intolerância e dar atenção aos homossexuais. "A diversidade é a nossa força, e o respeito aos direitos humanos vai ser para valer em São Paulo." Quando ele relatou ter recebido uma ligação de parabéns de Serra, os militantes puxaram coro com xingamentos ao tucano: "Eu, eu, eu, o Serra se f...". O prefeito eleito interrompeu o discurso e ficou em silêncio enquanto aliados riam ao seu lado. A campanha de Haddad foi marcada por críticas ao prefeito Gilberto Kassab (PSD), sucessor e aliado do tucano. O petista disse que os dois combinaram uma "transição de alto nível" em conversa por telefone. "Fui eleito pelo sentimento de mudança que domina a alma de São Paulo", afirmou. No início do ano, Kassab ensaiou apoiá-lo, com aval de Lula, mas a negociação não prosperou. Ele também reforçou as promessas ao eleitorado mais pobre. Disse que seu principal desafio será "erradicar a pobreza", diminuir a "grande desigualdade existente na cidade e derrubar o muro da vergonha que separa a cidade rica da cidade pobre". Num aceno à classe média e à intelectualidade, prometeu "recuperar a alma criativa e o espírito de empreendedorismo". "Nossa intelectualidade nunca perdeu a capacidade de pensar, mas a prefeitura perdeu a capacidade de atraí-la", disse. A escolha de Haddad como candidato frustrou políticos tradicionais do PT como Marta, que queria concorrer pela quarta vez seguida. Forçada por Lula a desistir, ela boicotou a campanha até agosto, quando foi convidada por Dilma para o Ministério da Cultura. Ontem, disse que Lula acertou. ESCALADA O petista começou o ano com 3% das intenções de voto. Pouco conhecido, só subiu nas pesquisas após gasto maciço em propaganda. Em junho, enfrentou a renúncia da vice Luiza Erundina após selar aliança com Paulo Maluf (PP), adversário histórico do PT. Ontem o ex-prefeito subiu pela primeira vez ao palanque de Haddad ao lado de ministros e dirigentes do PT que acompanharam a apuração num hotel nos Jardins. A reta final da eleição coincidiu com o fim do julgamento do mensalão, no qual petistas foram condenados. O caso foi explorado por Serra, mas isso não impediu a vitória de Haddad. Lula não foi à festa da vitória. Segundo aliados, não queria ofuscar o prefeito eleito. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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