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Trocar o certo pelo duvidoso não é uma opção atraente para a maioria das pessoas, ainda mais quando se trata de um tema crucial como trabalho. No caso dos salários, contudo, essa alternativa deve ser sempre considerada.
A remuneração "duvidosa", no caso, é a variável -bônus, PPLR (participação nos lucros), comissão, gratificação e "stock option" (direito de adquirir ações) são algumas das alternativas-, geralmente atrelada a resultados pessoais, do departamento ou da empresa em que se atua.
Segundo pesquisa da consultoria Hay Group com base em dados de janeiro passado, o ganho salarial real médio dos que têm remuneração variável pode ser três vezes maior do que o de quem optou somente pelo salário fixo.
"A empresa fica mais flexível para lidar com períodos de vacas gordas e de vacas magras, ajustando-se mais facilmente", diz Vicente Gomes, diretor do Hay Group. Por isso, segundo conta, o número de companhias que aderiram ao sistema nos últimos dez anos cresceu fortemente.

Empenho extra
O método afeta a rotina dos empregados. "Quando sujeita a metas, a remuneração variável leva o funcionário a se empenhar mais", diz Fernando Azar, um dos gerentes da Deloitte Touche Tohmatsu.
Iuri Paixão, 33, um dos diretores de gerenciamento de risco da Credicard, pode receber anualmente de quatro a oito salários a mais. "Metas compartilhadas criam maior cooperação", avalia. Sua variável baseia-se no desempenho individual, no de sua área e no da empresa como um todo.
Quem atua no comércio e no mercado financeiro tem ganhos variáveis mais agressivos. Antônio Marcos Duarte, professor e diretor do Ibmec-RJ, diz que setores em expansão, como o de alta tecnologia, adotam o modelo.
Vicente Picarelli Filho, sócio da Deloitte, estima que, no caso dos níveis hierárquicos mais altos, as verbas relacionadas a metas representem, em média, 50% da remuneração anual.
O consultor considera 70% de fixo e 30% de variável uma composição interessante para o nível de gerência. Jovens em início de carreira recebem 90% de fixo e 10% de variável ao ano.

Orçamento
Para administrar salários desse tipo, recomenda-se ajustar o orçamento às verbas fixas e às variáveis cuja conquista seja certa. A advogada e revendedora de cosméticos Myriam Baraldi, 36, que tem remuneração mensal com forte variação, conta com reserva financeira nos meses de baixa sazonalidade. "Em épocas em que as vendas não estão aquecidas, a remuneração cai. É necessário ter dinheiro disponível em caixa."
A remuneração fixa é estabelecida em contrato de trabalho e equivale ao salário bruto. Exceção é feita ao comércio, setor em que o salário bruto envolve parcela fixa e também comissão (variável).
O salário é considerado líquido após a incidência de impostos (como o Imposto de Renda) e de descontos como o da seguridade social. Descontos de benefícios variam de empresa para empresa. (SILVIA BASILIO RIBEIRO)


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