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ORIENTE MÉDIO
Atentados suicidas palestinos contra civis israelenses ajudaram a fortalecer alinhamento de Bush ao premiê Sharon
Ataques alteram dinâmica do conflito israelo-palestino
DA REDAÇÃO
Os atentados alteraram a dinâmica do conflito no Oriente Médio e tornaram as perspectivas de
paz na região mais distantes.
Após os ataques terroristas, israelenses e palestinos compreenderam rapidamente que poderiam se beneficiar de uma ampla
aliança com os Estados Unidos.
O líder palestino Iasser Arafat é
"nosso Bin Laden", disse o premiê
de Israel, Ariel Sharon, ao secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, poucos dias após os ataques.
À época, autoridades norte-americanas não deram maior importância à declaração devido a
seus esforços em angariar apoio
entre os Estados árabes para sua
campanha no Afeganistão.
Já Arafat se deixou fotografar
doando sangue para as vítimas
dos atentados, enquanto seus ministros comparavam o Ponto Zero de Manhattan às cidades palestinas após as ações israelenses.
Os dirigentes palestinos se distanciaram de Osama bin Laden e
de suas oportunistas reivindicações em prol da fundação de um
Estado soberano enquanto Israel
rechaçava a idéia de que os 35
anos de ocupação da faixa de Gaza e da Cisjordânia motivassem
atentados como o contra os EUA.
Mas, à medida que crescia o número de operações suicidas palestinas contra civis israelenses, a
credibilidade de Arafat diminuía,
pois Israel e os EUA o acusavam
de não combater a violência -ou
de incentivá-la. Ao mesmo tempo, Washington se mostrava mais
tolerante com a ofensiva contra a
Autoridade Nacional Palestina e
as restrições impostas aos palestinos pelo governo Sharon.
Em abril, enquanto a ONU descrevia a ação militar na Cisjordânia de "episódio triste" na história
de Israel, Bush descrevia Sharon
como "um homem de paz", embora ele tenha votado contra tratados ou tentativas de negociações e condenado retiradas militares, além de promover a ampliação dos assentamentos judaicos.
"O fato de que uma comissão israelense tenha concluído que
Sharon teve responsabilidade indireta pelos massacres de Sabra e
Chatila [campos de refugiados no
Líbano], em 1982, não impediu o
pleno alinhamento de Bush a Sharon", afirma o cientista político
palestino Ali Jarbawi.
Arafat perdeu definitivamente a
guerra de propaganda em 24 de
junho, quando o presidente Bush
declarou que "a paz requer uma
nova e diferente liderança palestina. Somente assim um Estado palestino pode ser criado".
As relações entre EUA e Arábia
Saudita também se deterioraram
-15 dos 19 sequestradores do 11
de setembro eram sauditas. Aliados estratégicos, os dois países jamais registraram tensão semelhante à dos últimos meses. Especialistas consultados pelo Pentágono chegaram a declarar o país
"inimigo" e recomendaram que
seus poços de petróleo fossem
atingidos, embora o Departamento da Defesa dos EUA tenha
se distanciado dessa visão. Em
mais um sinal do distanciamento,
a companhia Saudi Aramco acaba
de anunciar que talvez não envie
aos EUA estudantes que financia.
"Os eventos de 11 de setembro
tiveram um impacto em todo o
mundo, e houve esperança de
uma mudança de mentalidade no
Oriente Médio", afirma Ephraim
Inbar, especialista do Centro Begin-Sadat para Estudos Estratégicos, de Tel Aviv. "Infelizmente, isso não ocorreu."
(PDF)
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