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ESTATÍSTICA
Pesquisador define metodologia e tabula dados em estudos censitários e por amostragem
DA REPORTAGEM LOCAL
Dos seus 45 anos de vida, o estatístico Aparecido Soares da Cunha passou 25 no IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), onde hoje é
supervisor de treinamento.
Quando estava apenas no segundo ano da faculdade, ele soube da abertura de concurso para
agente de pesquisa no instituto.
Mesmo não sendo propriamente
um trabalho dentro da carreira,
ele resolveu tentar, já que teria a
oportunidade de atuar no órgão
oficial de estatística no Brasil, o
que poderia ser bom para ganhar
experiência. Acabou permanecendo até hoje.
"No começo da carreira, ir a
campo aplicar questionários de
pesquisa é importante para ver o
processo todo, ver como as pessoas respondem àquilo. Assim o
profissional ganha sensibilidade
para saber formular melhor os
itens do questionário. Perguntas
simples como "qual a sua idade?"
ou "em que ano você nasceu?" podem ser mais complicadas do que
se pensa quando a pesquisa é com
uma população mais simples."
Os estatísticos do IBGE, de acordo com ele, estão presentes em todas as etapas das pesquisas. Após
o profissional receber um problema ou uma pergunta para ser respondida, a primeira etapa da pesquisa é a definição da metodologia que será usada no restante do
processo.
Dentro da metodologia, os estatísticos decidem se a pesquisa será
censitária, ou seja, abrangendo
toda a população -como o censo
demográfico feito a cada dez
anos-, ou se será por amostragem, em que é entrevistada apenas uma parcela representativa
do todo, como nas pesquisas eleitorais. No último caso, o estatístico tem ainda de definir a amostra
que será utilizada -como quantas pessoas e com qual perfil- na
aplicação dos questionários.
Também de acordo com o que
precisa ser descoberto, o estatístico elabora as perguntas do questionário. O próximo passo é fazer
um teste-piloto, para verificar se
há problemas e para refinar os
métodos utilizados. No último
censo, por exemplo, toda a cidade
de Marília (SP) foi entrevistada
como forma de teste.
"É muito mais barato corrigir
pequenos erros nesse momento
do que aplicar milhares de questionários e só descobrir que eles
tinham defeitos depois", disse.
Após os dados serem coletados,
eles são processados e tabulados,
ou seja, se transformam em tabelas, que serão analisadas posteriormente. A última fase é uma
avaliação para verificar o grau de
confiabilidade da pesquisa.
A última pesquisa da qual Cunha participou como estatístico,
por exemplo, foi a avaliação do
censo no Estado de São Paulo, que
descobriu que cerca de 4% dos
habitantes não foram incluídos.
"Quando é feita a entrevista, é comum que as pessoas se esqueçam
de alguns membros da família,
principalmente recém-nascidos,
idosos ou parentes que moram
nos fundos da casa."
Todas essas fases têm equipes
distintas, dentro do IBGE, mas
sempre com a participação de estatísticos, além de profissionais de
outras áreas, como geografia,
ciências sociais e até cartografia.
Por isso é fundamental, de acordo com ele, saber trabalhar em
equipe e estar aberto para estudar
áreas diferentes. "Se você vai pesquisar educação, não necessita ser
pedagogo, mas precisa conhecer
um pouco da área para não falar
besteira e poder entender o que os
outros integrantes da equipe estão falando", disse.
Em junho, Cunha fez um levantamento para descobrir as necessidades de contratação do IBGE
nos próximos 35 anos, levando
em consideração a faixa etária dos
atuais funcionários, o sexo e as regras previdenciárias. Esse trabalho, segundo ele, foi mais uma assessoria técnica do que uma pesquisa. "Na assessoria, nós pegamos um problema e damos uma
solução, mas não a implementamos", afirmou ele.
(AN)
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