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ARQUITETURA
Conhecimento técnico e criatividade são as matérias-primas para a concepção de espaços
DA REPORTAGEM LOCAL
Samuel Kruchin, 49, tem 24
anos de profissão e comanda um
escritório com cinco arquitetos,
um estagiário, um engenheiro e
uma secretária. Ele e sua equipe
tocam desde projetos pequenos,
como lojas e casas, até empreendimentos de grande porte, como
universidades, conjuntos residenciais, escolas, vilas e praças. Fazem também um trabalho diferenciado, que é o restauro de edificações.
"O mais importante para ganhar espaço no mercado com um
escritório de arquitetura hoje é estar preparado para desenvolver
qualquer projeto. Especializar-se
é bom, é fundamental, mas não se
pode fechar portas", diz.
De acordo com Kruchin, apesar
de ele e de cada integrante de sua
equipe terem uma especialização,
todos são capazes de realizar
qualquer projeto, seja uma escola,
seja um hospital, seja uma parede
de uma casa.
O ritmo de trabalho, segundo
ele, é pesado. "O serviço é muito
centrado no profissional. Tenho
três períodos de trabalho. Um para o contato e o relacionamento
com o cliente, outro para o acompanhamento das obras e um terceiro para o desenvolvimento dos
projetos. É lógico que não dá para
fazer tudo no horário comercial."
Apesar disso, na opinião de
Kruchin, a profissão não tem remuneração justa. "Ninguém sabe
que eu tenho de trabalhar às 4h da
manhã em um projeto pois tenho
prazo para entregá-lo e não deu
para fazer durante o dia por causa
das outras atribuições. Ninguém
lembra que o cliente liga à meia-noite para discutir uma idéia e eu
estou disponível. Mas, pior do
que isso, mais triste, é que ainda
não se sabe dar valor para as
idéias. A matéria-prima do arquiteto é a idéia. Nossa função é criar,
é conceber espaços."
Vindo de uma família de arquitetos -pai e tios exerciam a profissão-, Kruchin afirma que,
além da referência familiar, o gosto pela arte e pela criação o atraíram para a arquitetura.
Graduado pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do
Sul), ele, atualmente, além de comandar o escritório, é professor-adjunto do Departamento de Projetos da Faculdade de Arquitetura
da PUC de Campinas (SP), onde
criou e coordenou o curso de especialização em restauro e preservação de centros históricos. Kruchin também coordena o curso de
especialização em patrimônio arquitetônico da Unicsul (Universidade Cruzeiro do Sul).
"É uma pena dizer isso, mas
acho que hoje as escolas de arquitetura estão muito ruins. Lançam
no mercado profissionais despreparados, que têm de bater a cabeça para aprender na prática o que
faltou na faculdade", diz Kruchin.
"Mas digo isso como um alerta
aos estudantes. Não é para desistirem da profissão, mas para se prepararem, para estudarem bastante. Não adianta somente gostar de
desenhar. Desenvolver espaços
envolve questões técnicas e espaciais, e é preciso ter muito conhecimento."
(MS)
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