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CIDADE DOS SONHOS
Minhocão viraria parque suspenso
Jubran
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Vencedora do prêmio Prestes Maia, dupla de arquitetos cria projeto para harmonizar o elevado e a paisagem central
DA REPORTAGEM LOCAL
Derrubar o Minhocão nunca
foi opção para os arquitetos Juliana Corradini e José Alves,
vencedores de um concurso organizado pela Prefeitura de São
Paulo em 2006 para buscar formas de melhorar o elevado Presidente Arthur da Costa e Silva.
Casados e vizinhos da obra
que mutilou a região central
para costurar uma ligação entre as zonas leste e oeste, eles
dizem sempre ter imaginado
meios de transformar aquela
imensa estrutura urbana em algo belo. "As grandes infra-estruturas da cidade devem ser
reaproveitadas", diz Alves.
Segundo os arquitetos, a demolição do Minhocão sairia
por cerca de R$ 84 milhões e a
construção do projeto, cerca de
R$ 86 milhões. "Não optamos
por não demolir por causa do
custo, mas porque achamos
que é melhor mesmo", diz o arquiteto. A idéia da dupla é envolver o elevado em um túnel,
com proteção acústica, protegendo os edifícios vizinhos do
barulho dos carros e transformando a parte superior em um
parque a 12 metros de altura.
"A cidade tem várias camadas que se há de aproveitar, aéreas e subterrâneas", diz Alves.
A ventilação seria feita por
um sistema especial e, em locais onde não há prédios em
volta, como nos trechos dos largos do Arouche e de Santa Cecília e da avenida Pacaembu, as
lateriais seriam abertas. "São
locais onde ele se abre para a cidade, com estruturas metálicas
plugadas no corpo estrutural
do túnel", conta Alves. Estão
previstos ainda quatro subsolos de estacionamento.
Fechado aos domingos, o Minhocão já é usado como área de
lazer por centenas de paulistanos. O parque suspenso seria
cercado por alambrados, com
largura entre 24 m e 30 m, onde
haveria ciclovia, quadras, pistas
de corrida e de skate. O acesso
seria feito por rampas laterais e
por sete edifícios de uso variado, implantados ao longo do
percurso, que ajudariam a movimentar a região. "Do térreo
até o nível do parque, os usos
podem ser mais públicos; do nível do parque para cima, podem
ser residenciais, de hotéis e escritórios", diz Juliana.
Muro de Berlim
"É um muro de Berlim", diz o
arquiteto Michel Gorski, sobre
o elevado. Autor de outro projeto inscrito no Prêmio Prestes
Maia, ele defende o desmonte
do Minhocão que, na sua opinião, criou uma barreira para o
desenvolvimento da região. "Se
não houvesse o Minhocão, o
shopping Higienópolis, por
exemplo, poderia estar na avenida São João, trazendo movimentação para a área central."
Propondo um desmonte em
etapas, Gorski afirma que a estrutura pré-moldada da via
permitiria que suas partes fossem reaproveitadas. Segundo o
arquiteto, o elevado traz ainda
o problema de priorizar o
transporte individual em detrimento do coletivo. "A maioria
dos 80 mil carros que passam
por ali diariamente tem apenas
uma pessoa dentro".
(MARIANA BARROS)
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