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País entra na guerra ao lado das democracias
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
O Brasil do regime autoritário do Estado Novo
entrou na Segunda Guerra
ao lado dos EUA e das demais democracias ocidentais. O rompimento de relações diplomáticas com
Alemanha e Itália e as bases cedidas aos americanos no Nordeste em 1941
tornavam o Brasil um país
inegavelmente hostil ao
Eixo.
Até julho de 1942, o Brasil perdeu 13 navios na
guerra que os submarinos
alemães faziam ao comércio dos aliados. Mas em
agosto, o submarino alemão U-507 afundou seis
embarcações nos mares
do Nordeste. O Baependy
teve 270 mortos, incluindo
soldados do Exército. O
Araraquara teve 131 mortos. O Aníbal Benévolo teve 150 mortos. O Itagiba
teve 36 mortos. O Arará,
que tinha parado para socorrer o Itagiba, teve 20
mortos. Só o pequeno veleiro Jacira, com seis tripulantes, escapou de ter vítimas.
Foi o equivalente brasileiro de Pearl Harbor: um
ataque surpresa, com número elevado de mortos e
feridos. Vargas teve que
sair do muro e declarar
guerra. Mas o Brasil não
era um país preparado para a guerra moderna. Havia apenas 197.891 veículos
no país em 1942, dos quais
só 7.088 eram caminhões.
Ainda assim, a Força Expedicionária Brasileira
(FEB), composta por
25.334 homens, cumpriu
seu papel com galhardia,
apesar da contradição de
pertencer a uma ditadura
aliada a democracias que
combatiam ditaduras semelhantes à brasileira.
O mesmo Exército que
levou Vargas ao poder tramou sua queda. "Os problemas do regime resultaram mais da inserção do
Brasil no quadro das relações internacionais do que
das condições políticas internas do país. Essa inserção impulsionou as oposições e abriu caminho a divergências no interior do
governo", escreveu o historiador Boris Fausto.
Espanha e Portugal, outros países com ditaduras
assemelhadas, escaparam
da guilhotina ao se manterem neutros. Vargas
apoiou os aliados vencedores, mas caiu assim
mesmo. O caudilho caiu
de modo elegante. Ao contrário de Pedro 2º, não precisou ir ao exílio no exterior. Foi "exilado" para
São Borja (RS), de onde
voltaria, agora eleito, para
o capítulo final de sua vida
política.
(RICARDO BONALUME NETO)
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