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Parque põe à prova carro e pernas
Serra da Canastra abriga quedas-d'água de acesso trabalhoso por vias de terra e trilhas
ANDREA MIRAMONTES
ENVIADA ESPECIAL À SERRA DA CANASTRA
Se você pretende ir para a região
do Parque Nacional da Serra
da Canastra (548 km de São Paulo), em Minas Gerais, prepare-se
para sacudir nas estradas de terra
que ligam as atrações do local.
Isso não desanima os visitantes.
Já no café da manhã servido pela
pousada, a conversa, entre um
pão de queijo e outro, é sobre
qual cachoeira visitar naquele dia.
A região é cercada por quedas-d'água e fica até difícil escolher
para qual ir, pois cada passeio dura de três a quatro horas.
Todas ficam a, no mínimo, cinco quilômetros de São Roque de
Minas, uma das cidades a que
pertence o parque. Muitas quedas-d'água põem à prova a preparação física do visitante.
Há trilhas que exigem até três
horas de caminhada difícil, como
a visita ao Poço das Orquídeas
-onde uma cascata deságua numa piscina natural, rodeada de árvores forradas de orquídeas.
Mesmo nas trilhas de fácil a média complexidade, há quem pare
no meio do caminho. "Minha
pressão caiu e tive de descansar",
conta a estudante de direito Giselle Cristina Dassan, 20, durante o
percurso para a cachoeira do Nêgo, que fica a oito quilômetros de
São Roque, percorridos de carro,
e mais 40 minutos de trilha.
De mais fácil acesso, a cachoeira
do Cerradão é um dos locais onde
se praticam esportes radicais. Pode-se optar pelo rapel (descida
com cordas) ou pela tirolesa (travessia sobre a água, de um ponto a
outro da margem, sentado sobre
um apoio de tiras especiais). Mesmo quem nunca se imaginou
pendurado nas cordas pode, depois do treinamento, praticar.
Domingo no parque
Reserve um dia inteiro para visitar o parque nacional. A estrada
em seu interior também é bastante precária, e em alguns pontos é
preciso andar bem abaixo dos 40
quilômetros por hora, velocidade
recomendada pelas placas.
Um local de visita obrigatória é
a Casca d'Anta, primeira queda-d'água do rio São Francisco. O
"Velho Chico" tem sua nascente
dentro do parque (outro ponto
turístico), antes de percorrer mais
quatro Estados: Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe.
Há duas formas de ver a cachoeira: a pé ou de carro. Pela primeira opção, o turista vai até a
parte alta (38 km de São Roque de
Minas) e faz a trilha (considerada
bastante difícil) a pé. Dura uma
hora e meia. Quem não quer gastar a sola do tênis pode dar a volta
por Vargem Bonita, município vizinho. São 35,5 quilômetros (de
terra) de São Roque até lá.
Apesar do charme dos 186 metros de queda da Casca d'Anta, ela
não é a preferida, e cada um se
apaixona por uma cachoeira.
Quando a reportagem pensou
ter terminado a apuração, um
morador local conta sobre outra
queda-d'água "imperdível".
E lá vai o Peugeot 307 sacolejar
na estrada de terra a fim de levar a
reportagem da Folha para registrar mais uma cachoeira, que,
mesmo tendo o igual aspecto rochoso e água cristalina, é dona de
uma beleza singular e indescritível, só revelada a quem a visita.
Para chegar lá
Durante todo o percurso, há
postos de gasolina para apoiar o
turista. Quem quer um lugar para
comer, ou comprar doces e queijos típicos, tem como uma opção
o posto Iguatemi, localizado na
beira da estrada, nas proximidades da cidade de Itaú de Minas.
Durante os trechos dentro do
Estado de São Paulo, a maior parte das pistas está duplicada. A partir de Minas Gerais, as vias passam a ser simples, e entre Piumhi
e São Roque de Minas -na reta
final da viagem- há 32 quilômetros de terra.
Andrea Miramontes viajou em um carro cedido pela Peugeot
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