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Salvador e Vitória trocam estações
Roteiro entre Bahia e Espírito Santo dá aula de história, geografia, literatura e meteorologia
LUÍS PEREZ
ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR
Quem odeia agitos típicos de
Carnaval e Réveillon encontra no
trajeto entre Salvador (BA) e Vitória (ES) um ecletismo de cenários
sem precedentes. Vivem-se as
quatro estações, é possível receber
lições de história, da cultura popular e pagar pouco nesta época.
A viagem da reportagem da
Folha começou em Salvador.
Para quem não conhece a capital
baiana, é fácil: basta seguir as
placas para a BR-324, da qual
se deve desviar para a BR-101,
a "espinha dorsal" do roteiro.
A primeira parada foi em Feira
de Santana (150 km de Salvador)
que preserva, como nos séculos 18
e 19, a fama de "lugar de descanso
para viajantes". Assim se referiu a
ela o recepcionista da pousada Vila Parreiras, simples, mas com
TV, ar-condicionado, telefone,
frigobar e estacionamento.
Baterias recarregadas, é hora de
seguir rumo a Ilhéus. Elevada à
condição de cidade em 1881, com
o nome de São Jorge dos Ilhéus,
hoje reverencia outro Jorge: o
Amado. Por lá pode-se visitar a
Casa de Cultura Jorge Amado.
Passear pelas ruas da cidade é
mergulhar na ficção do escritor.
Ladeados, dois exemplos: a catedral de São Sebastião, citada em
"Gabriela, Cravo e Canela", e o
bar Vesuvio, reduto de Nacib e
Gabriela, renovado, apesar de a
inauguração ter sido em 1919.
Viagra
Impossível deixar Ilhéus sem
parar cerca de 30 quilômetros depois, no arraial de Olivença (agora
na rodovia BA-001), onde o forte é
o forró do sábado à noite. Aliás,
fortes mesmo são as bebidas do
Bharmácia Homeotípica, "poções" preparadas por Mirandir
dos Santos, 54, o Miranda.
O slogan do "bhar" é "a cura pelo prazer". Um desses afrodisíacos se chama Viagra. "É à base de
catuaba, pau-de-resposta, guaraná e Mate Leão", entrega Santos.
Entre Ilhéus e Olivença, é possível se hospedar em pousadas de
R$ 10 ou em hotéis de R$ 70, preço
atual do quatro-estrelas Opaba,
ao lado do aeroporto de Ilhéus.
Quinze quilômetros antes de
Canavieiras, deve-se pegar um
novo desvio, de volta à BR-101,
onde se quebra à esquerda até Eunápolis. Virando novamente à esquerda, chega-se a Porto Seguro.
Há muitas pousadas na cidade.
Do Hotel Navegantes (a atmosfera é de pousada), que sai por R$
20, ao hotel Shalimar (R$ 60).
Quem gosta de história se delicia no museu do Descobrimento.
Os amantes da vida noturna devem curtir o Luaus e shows de axé
à beira-mar (no Tôa Tôa) ou no
centro (a boate Bombordo).
A estrada até Porto Seguro está
um tapete, mas há inesperados
buracos. Providencialmente, os
mais traiçoeiros ficam ao lado de
placas que indicam borracharias.
Chocólatra
Antes ou depois do destino final, a capital Vitória (ES), há programas turísticos dos mais variados tipos: ambiental (a desova de
tartarugas, em Linhares), religioso (a igreja dos Reis Magos, de
Serra), esportivo (o parque aquático Acquamania, de Guarapari).
Para os chocólatras, há a indústria Garoto, que abre suas portas
em Vila Velha (12 km de Vitória).
Falando em história, a viagem
termina com um exemplo da colonização alemã, em Domingos
Martins (a 42 km de Vitória), espécie de Monte Verde do Estado.
Luís Perez, editor-assistente de Veículos
e Construção, viajou com um carro cedido pela Fiat
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