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Estique as pernas a cada 2 horas
Segundo especialistas, paradas de 30 minutos ajudam motorista a manter a concentração
DA REDAÇÃO
Parece que foi combinado. Médicos, psicólogos e instrutores de
direção defensiva afirmam que,
em viagens longas, não se deve
passar mais do que duas horas seguidas ao volante. É necessário intercalar a direção com paradas de,
ao menos, 20 minutos cada uma.
Para cumprir essa regra, planejar é essencial. Isso significa conhecer bem, sobretudo, os pontos
para possíveis paradas. "O espírito de aventura deve ser substituído pelo de segurança", pondera
o médico de tráfego Alberto Francisco Sabbag, 48, secretário-geral
da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego).
A perda da concentração é a
maior inimiga da viagem segura.
"O grande perigo é se desligar do
ambiente e acabar dormindo na
direção." Segundo Sabbag, o sono
é a segunda maior causa de acidentes fatais, com 30% das ocorrências. A primeira é o consumo
de bebidas alcoólicas (50%).
Uma dica do instrutor de pilotagem e direção defensiva Luiz Fonseca, 43, é parar a cada meio tanque de combustível consumido.
"Aproveitar cada duas paradas
para abastecer ajuda a ativar a
circulação. Qualquer andada já é
benéfica. Se puder fazer alguns
alongamentos, melhor ainda."
"Além de problemas de varizes,
provocados pela falta de circulação, pode haver outros, nas partes
óssea e intestinal", afirma o médico do trabalho e acupunturista
Gustavo Marcelo Vinent, 41.
Contemplar a paisagem
"Aproveite para apreciar a paisagem, os pontos turísticos", sugere o clínico-geral, que recomenda, ainda, valer-se dos intervalos
para comer alimentos leves, como
frutas e um copo de suco ou leite.
"É preciso evitar refeições pesadas, comendo um pouco por
vez", diz Alberto Sabbag, da
Abramet. "No Brasil, as pessoas
têm o hábito de fazer grandes almoços, o que em viagem é perigoso, pois provoca sonolência."
Duas horas é uma média. A resistência varia de pessoa para pessoa. "Quem pensa que parar cinco minutos para um café faz a
concentração voltar está enganado", sentencia a psicóloga Cecilia
Bellina, 42, especializada em comportamento de motoristas.
Outro fator que contribui para
aumentar a qualidade de vida durante o trajeto é encará-lo como
parte do programa. "Você não
pode pensar que o lazer só começa quando você chega ao destino.
A viagem deve fazer parte do descanso, não ser motivo de estresse", sugere Bellina. "Caso contrário, seria melhor ficar em casa."
Segundo a psicóloga, mesmo
uma viagem que tem tudo para
ser cansativa -aquela em que se
vai e volta no mesmo dia- torna-se prazerosa se bem aproveitada.
Kombi x sedã de luxo
Mas não só as famosas "paradinhas" influem para que o motorista chegue "inteiro". Onze vezes
campeão na categoria stock car, o
piloto Ingo Hoffmann, 49, defende que o posicionamento correto
do motorista é a chave para que
uma viagem termine bem.
Mãos no volante na posição "15
para as três", distância do banco
de forma a deixar os joelhos flexionados e cabeça a quatro dedos
do teto do carro são suas dicas.
"Tudo isso é fundamental para
manter um bom domínio do carro o tempo todo", afirma.
De acordo com o piloto, é preciso perder alguns vícios que se
adquirem no início da "carreira"
de qualquer motorista. Um deles
é dirigir "deitado", com as pernas
totalmente esticadas.
A regra de parar a cada duas horas, para Hoffmann, varia de
acordo com outros fatores de estresse: tipo e condições da estrada, condições do tempo e se o automóvel é luxuoso ou não.
Dirigir um sedã de luxo, diz, "é
bem menos cansativo do que uma
Kombi". Mesmo com as paradas,
ele conclui: "Ninguém guia, com
segurança, mais do que 12 horas
por dia".
(LUÍS PEREZ)
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