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Três irmãos arrumam trampo no mesmo dia
Os gêmeos Cleuton e Cleiton
Souza, de 19 anos, lutam para
ser diferentes -dos colegas que
viram cair na droga e no crime.
Estudantes do segundo ano
do ensino médio, eles vinham
buscando emprego há meses.
Depois de rodarem São Paulo
e se acostumarem a enfrentar
filas, sua busca chegou ao fim:
foram chamados para trabalhar
em uma obra em frente à casa
em que moram, na favela Morro
Doce, a 32 km do centro. No
mesmo dia, o irmão mais velho,
Elton, 21, foi chamado para trabalhar
em uma metalúrgica.
Agora, os gêmeos são ajudantes
de pedreiro na construção de
uma escola pública que vai ter o
que a deles nunca ofereceu: aulas
de computação. A falta de
conhecimentos de informática
foi o que barrou a contratação
em mais de uma entrevista de
emprego que fizeram.
Para juntar os R$ 4,60 do
ônibus para procurar emprego,
eles ajudavam o pai em uma quitanda.
As viagens terminavam
quase sempre em uma porta. "O
segurança mandava deixar lá
mesmo o currículo", diz Cleiton.
"Um deles rasgou o papel assim
que eu me virei", conta o irmão.
Apesar das barreiras, Cleiton
havia sido chamado para oito
processos de seleção neste ano.
Só tinha conseguido um trabalho:
empacotador em um supermercado
por quatro meses.
Cada um deles ganhará R$
754 mensais, que planejam
poupar. Eles querem terminar
o ensino médio e, após algum
tempo de trabalho, fazer
outros cursos. (IAGO BOLÍVAR,
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA)
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