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Valores
Mini adultos
JOVENS TÊM AS MESMAS OPINIÕES QUE O RESTO DA POPULAÇÃO EM RELAÇÃO A TEMAS POLÊMICOS
[por André Lobato, colaboração para a Folha]
O jovem brasileiro de hoje dá mais valor a religião,
estudo, trabalho e família do que há dez
anos e pensa de forma muito parecida com o
restante da população sobre a descriminalização
da maconha, a redução da maioridade penal,
a pena de morte e a lei do aborto.
Para especialistas, ele tem poucos conflitos
com a geração anterior, gosta de se divertir e se
preocupa com a inserção social pelo trabalho.
Ana Paula Oliveira, 22, diz que a família é
a coisa mais importante de sua vida; depois, o
trabalho, que paga sua faculdade. É madrugada
em uma rave em Guapimirim (RJ) e ela dança
segurando uma bandeira do Brasil. Como 72%
da juventude brasileira, ela acha que a maconha
não deveria ser descriminalizada.
A poucos metros dela, Jennifer, 21, mãe de
um bebê de um ano, diz-se a favor da manutenção
da lei do aborto. Ela acha, porém, que sua
amiga Suelen Crisostomo, 20, não deveria ser
presa caso recorra ao método. Para Suelen, a lei
deveria ser revista: "É decisão de cada um".
Danielle, 24, diz já ter usado várias drogas e,
por "saber o mal que fazem", é contra a descriminalização
de todas, com exceção da maconha,
que parou de fumar por ter ficado "viciada".
Universitários, Guilherme Souza, 22, e Bruno
dos Santos, 25, discordam quanto à redução da
maioridade penal. Guilherme é "totalmente a
favor", embora não saiba qual seria a idade ideal.
Bruno acha "um absurdo", pois "não resolve".
Longe da rave, em São Paulo, Fernanda Lima,
18, é contra a descriminalização do aborto
e a pena de morte e a favor da redução da maioridade
penal. Ela faz curso de produção cultural
na Cufa (Central Única das Favelas). "Esse
mundo já está muito perdido, muita liberação
vai acabar estragando", acredita.
Politizados
Apesar de ter opinião semelhante ao restante
da população sobre temas polêmicos, a juventude
brasileira é mais escolarizada e politizada.
Quase metade (47%) dela diz acompanhar o noticiário
político e 37% se diz de direita, contra
28% de esquerda.
O jovem Marcus Vinícius Santos, 20, afirma
que é de direita e que ser de esquerda é ser "do
contra". Ele se diz politicamente ativo e considera
Lula um ídolo.
Segundo Gustavo Ventura, cientista político
da USP (Universidade de São Paulo), a população
brasileira é "tradicionalmente conservadora"
e com pouco histórico de associativismo. Ele
afirma que a "juventude está buscando novas
formas de organização" e que os movimentos
culturais são uma opção.
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