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Juca na Copa
A inveja do Maracanã
O jogo da seleção que queríamos ver em nosso cartão-postal será jogado pelos visitantes
O MARACANÃ não merecia mesmo receber a seleção brasileira depois que ela levou dez gols seguidos no Mineirão e no Mané Garrincha.
O Maracanã não é palco para bedéis incompetentes e crianças mimadas.
Se a Holanda mereceu o terceiro lugar, a seleção brasileira mereceu o sexto, isto é, o cesto. E, qualquer que seja o vencedor neste domingo, só nos restará aplaudir, em pé, os vitoriosos e os vice-campeões.
Alemães e argentinos despertam hoje aquele sentimento que normalmente deve ser combatido, mas que pode invadir nossos sentimentos de maneira positiva, pelo que nos ensina.
A seleção alemã é melhor, mais forte e com mais craques decisivos. A argentina também é organizada, tem o melhor jogador do mundo e é de uma aplicação tática impressionante.
Os germânicos representam o coroamento de um processo formidável de modernização de seu futebol nos últimos 14 anos. Os hermanos não, porque padecem quase de todos os mesmos males do nosso futebol: cartola que se eterniza no poder com métodos deploráveis e estrutura voltada para exportar pé de obra com uma escola tão talentosa como a brasileira, mas com a diferença de ter técnicos contemporâneos capazes de ser entendidos por jogadores culturalmente mais bem preparados que os nossos. Sim, também no esporte o sistema educacional faz importante diferença.
Além do mais, as duas seleções parecem ter tamanho equilíbrio psicológico que mesmo após as verdadeiras batalhas travadas para chegar à grande decisão, descontado, é óbvio, o atropelamento do Mineirão, fizeram festas comedidas e sem choro nem vela.
A torcida brasileira deve ser pelos europeus, prova de que a síndrome de Estocolmo (de Berlim?) dirá presente no Maracanã. Apenas a minoria dos patrícios apoiará os hermanos, entre os quais o colunista se inclui.