Muricy quer tornar Ganso artilheiro

Paulo Henrique Ganso não quer fazer gols. Meia de habilidade incomum, um dos melhores jogadores do país reluta em balançar as redes.

Prefere servir os colegas, organizar o ataque e ser um misto de maestro e garçom.

O técnico Muricy Ramalho está preocupado com isso. Ele sabe que hoje, às 19h30, contra um Bolívar provavelmente todo retrancado, Ganso pode ser arma importante.

O jogo na Vila Belmiro é a volta do confronto das oitavas de final da Libertadores.

A derrota em La Paz (2 a 1) obriga o Santos a vencer. Empate elimina o atual campeão. "Todos sabem do que o Ganso gosta mais, que pra ele é mais importante e mais bonito dar passe pra gol do que fazer gol", disse Muricy. "A gente respeita, mas fazer é importante pro seu futuro."

Muricy criou uma força tarefa para incutir na cabeça do camisa 10 que botar os colegas na cara do gol não basta.

Ele para os treinos, obriga o meia a avançar, a entrar na área, a se apresentar para a finalização. Em treinos de falta, Ganso é o que mais recebe os conselhos do técnico.

Quando ele está perto da bola, Muricy está mais perto dele ainda. Cochicha algo em seu ouvido, gesticula mostrando o jeito certo de acertar um chute ou de se posicionar.

É questão de base, acredita o técnico. Na formação de Ganso, que marcou cinco vezes em 2012, criou-se a noção solidária de que dar o gol é melhor do que tê-lo para si. "Parece que não, mas ele está entrando mais na área", garante o Muricy. Dois dos três gols contra o Guarani, domingo, saíram após ele se apresentar para a finalização.

O Santos se prepara para uma retranca das mais fortes.

Muricy diz que será preciso tocar muito a bola, ter paciência e organização. Mas, se isso não der certo, ele também preparou uma formação de desespero. No fim do treino de ontem, testou três e, depois, quatro atacantes.

"Não gosto de improvisar. Se for preciso mudar, jogador tem de estar preparado."

O time será o mesmo que venceu o Guarani, reforçado pelo goleiro Rafael, recuperado de lesão no joelho.