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Peso galo

Com 37 kg aos 15 anos, Bernard pagou do bolso tratamento para crescer

Carlos Roberto - 23.ago.12/Jornal Hoje em Dia
Bernard domina bola em treino do Atlético-MG
Bernard domina bola em treino do Atlético-MG

RAFAEL REIS
DE SÃO PAULO

Um garoto baixinho, franzino e bom de bola que não teve apoio do clube que defendia para bancar o tratamento que o deixaria com corpo de atleta de futebol.

Essa até pode ser a história do melhor jogador do mundo. Mas também é a da maior revelação do Brasileiro-2012.

Assim como Lionel Messi, o meia Bernard, destaque do Atlético-MG, vice-líder da Série A, também sofreu com o porte físico nada avantajado.

Mas, ao contrário do argentino, que precisou cruzar o Atlântico para encontrar no Barcelona alguém disposto a financiar seu projeto de crescimento e ganho de massa muscular, Bernard apelou mesmo para o "paitrocínio".

Foi seu pai, Délio Duarte, que ainda trabalha em uma loja de peças para ônibus em Belo Horizonte, quem financiou durante um ano e meio os R$ 40 mil em médicos, remédios e suplementos.

"Vi uma vez uma matéria que falava que o Messi tinha tomado mais de 2.000 agulhadas para crescer. Também vivi isso", contou o meia.

"Ele até teve a oportunidade de ir para o Tottenham, da Inglaterra, que prometeu pagar tudo. Mas era sacanagem com o Atlético-MG, mesmo eles não querendo fazer o tratamento que ele precisava", contou seu pai à Folha.

Dos 1,55 m e 37 kg que tinha aos 15 anos e que levantavam dúvidas sobre seu futuro no futebol, saltou para 1,64 m e 62 kg. Aos 20 anos, espera ainda crescer mais um pouco e chegar a 1,68 m.

Mas, com o corpo atual, já contrariou previsões feitas dentro das próprias categorias de base do Atlético-MG e virou jogador. Dos bons.

Promovido ao time principal como lateral direito no ano passado, depois de se destacar em período de empréstimo a um clube da terceira divisão mineira, ele deslanchou nesta temporada.

Depois de fazer dois gols na decisão do Estadual, ganhou a companhia de Ronaldinho, seu ídolo de infância nos tempos de Barcelona, e recolocou o Atlético-MG na briga pelo título do Brasileiro, conquistado uma única vez, em 1971.

Bernard chegou à seleção, teve recusada uma proposta de € 15 milhões do Zenit, renovou contrato até 2017 e viu o salário de R$ 600 se multiplicar por mais de 50 vezes.

"É uma pedra preciosa, mas que ainda precisa ser lapidada. Ele sabe usar a velocidade que tem por causa do jeito franzino para evitar o contato com os zagueiros. Mas ele participa do nosso programa com uma nutricionista para ganhar massa", disse o diretor de futebol do Atlético-MG, Eduardo Maluf.

Se hoje o tipo físico não é mais um entrave a Bernard, no passado quase minou sua chance de ser profissional.

O jogador, que chegou com 13 anos à base atleticana, foi dispensado duas vezes pelos treinadores e só não foi embora graças à interferência de Felipe Ximenes, então gerente das categorias inferiores do clube e hoje superintendente de futebol do Coritiba.

"Ele era um menino que não encantava porque enfrentava meninos mais desenvolvidos. Mas via ele fazendo coisas incríveis com a bola e acreditava que um dia ele aprenderia a superar essa deficiência com a técnica que possui", lembrou o cartola.

Pelo visto, esse dia chegou.

Confira galeria de Bernard criança
folha.com/fg10394

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