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Turco brasileiro

De volta após oito anos, Alex fala sobre o acerto com o Coritiba e a comoção que parou Istambul

LUCAS REIS DE SÃO PAULO

Alex, 35, foi "expulso" da Turquia. Após oito anos defendendo o Fenerbahce, teve de antecipar seu voo ao Brasil por ordem da polícia local.

"Os torcedores iam explodir o aeroporto com os fogos e sinalizadores", brinca o meia, que recebeu inúmeras propostas do mundo todo, mas preferiu voltar para casa: jogará no Coritiba, clube do coração e do início da carreira, por dois anos, a partir da próxima temporada.

Filho de um pintor de paredes e uma cozinheira, Alex recebeu pessoalmente os agradecimentos do primeiro ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, antes de deixar Istambul. Saiu da Europa há 20 dias nos braços da torcida e chegou ao Brasil carregado por ela. Disse que revelaria seu destino em dez dias, mas fez isso em apenas quatro.

Em quase duas horas de conversa com a Folha, ele contou os motivos de sua saída do Fenerbahce, disse que optou por Curitiba antes mesmo de definir seu salário, abriu as portas para Mano Menezes e revelou como ajudou Glória Perez a escrever a novela Salve Jorge, da Globo.

Folha - Você voltaria ao Brasil em 2013 de qualquer maneira?
Alex - Sim, só não sabia se seria em janeiro, pois teria que entrar em conversa com o clube. Era um fato decidido. Mas a temporada começou estranha, minha relação com o treinador [Aykut Kocaman] estava cada vez pior. Então achei melhor, em todos os sentidos, voltar, para pegar o início da temporada brasileira, e minhas filhas pegarem o início do ano letivo na escola.

O problema foi o ego do técnico?
Você estava perto de bater o recorde de gols dele...
Não, o grande problema foram as ideias diferentes. Eu penso futebol de um jeito, ele, de outro. Eu o questionei várias vezes. Ele queria fazer um time sem mim, mas não tinha coragem de colocar isso para fora. Então começaram a me minar. Um dia explodi, disse que ele tinha um comportamento na imprensa e outro comigo. Falei absurdos para ele, e ele falou vários absurdos para mim. Eu acho que ali foi o ponto final.

Te surpreendeu a repercussão do caso na Turquia?
Muito, muito. Minha rescisão aconteceria, mas não esperava que fosse tão rápido. Eu tinha uma preocupação: queria sair do clube com uma imagem verdadeira, se é boa ou ruim cabe a julgamentos de terceiros. Mas verdadeira. E veio essa reação popular, que é uma coisa absurda, jamais passou pela minha cabeça que as pessoas fariam vigília na minha casa. Fui expulso do país, anteciparam meu voo, senão os caras iam explodir o aeroporto!

E a volta ao Brasil?
Cheguei sábado [dia 13] e, na minha cabeça, queria jogar no Coritiba. Mas fiquei 12 dias na Turquia resolvendo minha vida. Vários clubes me ligaram, do Brasil, do exterior, Qatar, Estados Unidos, China... E eu fui descartando. Só dei conversa para Cruzeiro e Palmeiras, pois tenho um carinho grande por cada um deles. Mas dizia a eles que só conversaria no Brasil.

E onde entra o Coritiba?
Nas minhas férias, em junho, eu visitei o clube, fizeram um raio-x de toda a estrutura, as categorias de base. Desde então, vinha mantendo contato com o Felipe Ximenes [superintendente de futebol], mas não falávamos na possibilidade de voltar a jogar lá. Era uma relação de torcedor privilegiado apenas.

Recebeu propostas de Cruzeiro e Palmeiras?
O Cruzeiro mandou uma proposta por e-mail. Eu tinha dito para não mandar nada, pois estava resolvendo minha vida na Turquia. Do Palmeiras, não. Para mim, não. Quem falar isso é mentiroso.

Dispensou Cruzeiro e Palmeiras e fechou com o Coritiba antes de acertar seu salário?
Sim. Eu não ouvi o Cruzeiro e não ouvi o Palmeiras. Agradeci aos dois e, em seguida, liguei para o Coritiba. Tomamos um café da manhã, Ximenes, o presidente [Vilson Ribeiro] e eu. Olhei o contrato e assinei. Minha mulher até brincou: "Rápido assim?". Sim, já li e assinei, respondi. Acertamos tudo em duas, três horas. Vi que era torcedor do Coritiba na Turquia, sofri quando o time caiu. Mas, se o clube tivesse uma bagunça, eu ia tentar terminar a carreira em outro clube que me desse uma boa condição, como eles estão me dando.

Financeiramente, era melhor a proposta do Cruzeiro?
Era muito parecida. Se fosse negociar com o Cruzeiro ou o Palmeiras, ou com o próprio Coritiba, poderia até ter pego mais dinheiro. Mas não era essa minha preocupação. Se eu pensasse em dinheiro, teria ido para o Qatar.

Você se enxerga na seleção brasileira de novo?
Nunca fechei a porta. São escolhidos os jogadores em que o treinador confia e que vivem um bom momento. Se eu estiver jogando bem... Mas hoje não estou nem jogando, não tem nem como pensar. Todo mundo dizia que o Ronaldinho estava praticamente fechado para ela [seleção]. O ano do Ronaldo no Atlético-MG foi bom. Se mantiver o nível dele no futuro, as possibilidades de ele voltar existem. Isso vale para qualquer jogador com boa qualidade.

Você se encontrou com a Glória Perez? Como foi isso?
Sou amigo da Malga [Di Paula, ex-mulher de Chico Anysio]. Um dia ela me ligou dizendo que a Glória faria uma novela sobre São Jorge com gravações em Istambul e na Capadócia. Marcamos um almoço. Ela [Glória] disse que precisava ir a um lugar turco. Levei-a a um bar turco, chamei amigos de várias faixas etárias. Ela ficou duas ou três horas observando tudo.


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