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Espanha e Euro-08 valorizam técnica dos "baixinhos"
Xavi, que com 1,70 m é o símbolo da seleção campeã do torneio, é eleito o melhor jogador da competição pela Uefa
Estatística confirma a boa qualidade do jogo espanhol, e a seleção dos melhores da disputa mostra que, agora, tamanho não é documento
Diego Tuson/France Presse
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Atletas da seleção espanhola, campeões da Eurocopa anteontem, em Viena, com vitória sobre a Alemanha, desfilam em um ônibus pelas ruas de Madri em festa
RENAN CACIOLI
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
Xavi, oficialmente o melhor
jogador da Eurocopa-2008, é o
símbolo do torneio, da campeã
Espanha e do futebol atual: baixinho, leve, jovem e técnico.
Já imaginou um meio-campo
habilidoso e criativo com Xavi,
Iniesta, Sneijder e Fàbregas? Já
sonhou com uma dupla de ataque formada pelos ágeis e inteligentes Arshavin e David Villa?
Esse meio-campo teria três
jogadores de 1,70 m e um de
1,77 m. Esse ataque contaria
com grandes jogadores de 1,73
m e 1,75 m. Todos estão na lista
da Uefa que traz os 23 melhores
jogadores do torneio. Casillas,
goleiro espanhol de 1,85 m, poderia estar na ""seleção ideal".
Compondo uma linha de
quatro na defesa, não haveria
nessa suposta equipe-base ninguém com mais de 1,83 m (que
contaria com o excelente lateral alemão Lahm, de 1,70 m). O
que pintou como melhor da
Euro-08 tem muito mais a ver
com talento do que com o físico, algo que difere do que foi
visto na Copa (Itália campeã) e
na Euro (Grécia) anteriores.
O legado espanhol de um futebol vistoso e de toque de bola
nesta Euro resiste às comparações estatísticas com as últimas
seleções campeãs de grandes
torneios e ganha respaldo nos
números oficiais da Uefa.
Ninguém passou mais e melhor que a Espanha no torneio.
Ninguém finalizou e atacou
tanto, seja pela direita (7,3 ataques por jogo), seja pela esquerda (6,8 por partida).
O time do técnico Luis Aragonés teve o melhor ataque (12
gols) da disputa e, na média, a
melhor defesa (foram três gols
sofridos em seis jogos, um deles
quando a Espanha atuou com
reservas). Time entre os mais
disciplinados, sem ninguém expulso e sem levar nem dois cartões amarelos por jogo (em média), a Espanha pouco cruza.
Não é à toa que Franz Beckenbauer, maior ídolo do país
vice-campeão, disse que ""o melhor time ganhou a Europa" e
que Joachim Löw, o técnico
atual da Alemanha, falou que ""a
Espanha mereceu vencer".
Em 2004, a Grécia conquistou a Eurocopa à custa de uma
defesa poderosa e um esquema
pouco atraente, que privilegiava as jogadas de bola parada e
posteriores cabeceios. No chão,
a bola não era bem tratada.
Nesta edição, Casillas não foi
muito acionado -é o goleiro
que menos fez defesas em média por partida (1,67). Mesmo
com um meio-campo criativo, a
Espanha se defendeu bem, portanto. Em posse de bola, a equipe (53,6% do tempo) só perdeu
em média na Euro para Holanda e Portugal, outras equipes
que trabalhar bem as jogadas.
Comparando a Espanha com
a seleção de Dunga, que costuma usar três volantes de características defensivas e um armador que já foi volante (Júlio
Baptista), percebe-se grande
diferença nos passes. Se a Espanha dá 569 passes numa partida, o Brasil dá apenas 372.
Esses números brasileiros
são em jogos pelas eliminatórias. O time de Dunga cruza
mais (15 vezes por jogo) e finaliza mais (24,7 vezes) que a Espanha, mas pratica bem menos o
fundamento básico, o passe.
Como o atual campeão europeu de clubes é o Manchester
United, que tem do meio para a
frente atletas de pouca estatura
e grande técnica, como Rooney,
Tevez, Park e Scholes, parece
que o momento é mesmo dos
"nanicos" bons de bola.
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