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PERSONAGEM
"Se a CBF chamar, eu aceito", diz, enfim, Parreira
DA REPORTAGEM LOCAL
Identificado com o Fluminense há muitos anos e com o
Corinthians há poucos meses,
o técnico Carlos Alberto Parreira, 59, é personagem central
do duelo entre os times na semifinal do Brasileiro-2002.
Em entrevista à Folha, o treinador falou pela primeira vez
da possibilidade real de voltar à
seleção.
(RBU E PGA)
Folha - Já está certa sua permanência no Corinthians?
Carlos Alberto Parreira - Não
sentamos para conversar. Será
nos próximos dias. A seleção
japonesa pode levar parte da
minha comissão técnica. O Zico quer o Cantareli, o Moraci...
Folha - Você poderia seguir
sem a comissão técnica atual?
Parreira - Não gostaria de trabalhar sem eles. Minha idéia é
que todos fiquem. Acho que o
Jairo fica. Posso até continuar
sem eles, mas não gostaria.
Folha - Dois títulos importantes e perto do troféu do Brasileiro. Por que o ano foi tão bom?
Parreira - Foi um ano de muita regularidade. Isso está acontecendo desde o início do trabalho. Não deixamos acontecer
crises. Veja que não perdemos
nunca dois jogos seguidos.
Folha - Achavam que você não
tinha perfil para o Corinthians...
Parreira - Me identifiquei
muito com o clube. Hoje, eu já
sinto isso. Diziam que era aristocrático demais para o Corinthians. Sou educado, é diferente. Falo a língua dos jogadores,
tenho uma filosofia definida,
acredito em princípios.
Folha - Muitos técnicos dizem
que é difícil trabalhar no Corinthians pela pressão. Sentiu isso?
Parreira - A pressão tem sempre. Uma vez perdemos do
Atlético-PR, a torcida protestou. Mas é tranquilo. Falam do
Roque [Citadini, vice de futebol", mas ele deixa o trabalho
com tranquilidade. O Edvar Simões também. São só os dois.
Vou uma vez ou outra falar
com o Dualib [presidente".
Folha - Você pode terminar o
ano com os principais títulos do
país na temporada e seu nome já
era forte na CBF mesmo sem isso. É hora de voltar à seleção?
Parreira - Se a CBF chamar, eu
aceito. Tenho interesse. Como
treinador, já disse que não. Como coordenador, porém, sim.
Estudaria uma proposta.
Folha - Gostaria de algum nome para o cargo de técnico?
Parreira - O nome do treinador tem que ser um consenso
dentro da CBF. Não algo que
saia só do coordenador.
Folha - Chamam seu time de
pragmático. Isso incomoda?
Parreira - Nunca me preocupei com isso. Aprendi desde cedo a nunca esperar por aplausos. Algumas pessoas começam a entender melhor as coisas, mudaram alguns conceitos. Foi um ano me expondo
aqui no Corinthians. Mas, se eu
tivesse o Ricardinho, o Diego e
o Robinho, seria diferente.
Folha - O Santos seria o pior
adversário em uma final?
Parreira - Além da qualidade
técnica, o Santos foi competitivo contra o São Paulo. Eles têm
um time mais solto que o nosso. Mas defendem tanto quanto a gente. O Grêmio é mais difícil, muito calculista, frio, eficiente no mata-mata. Mas não
vai ser fácil passar pelo Santos.
Folha - Você confia muito no
Corinthians no mata-mata...
Parreira - Isso vem da torcida,
da tradição. Essa coisa de chegar bem ajuda. Perdemos os
principais jogadores, Dida e Ricardinho. Vencemos com a dedicação e a qualidade do grupo.
Folha - Você já tem planos para
encerrar sua vida no futebol?
Parreira - Estou alcançando
60 anos. Não vou ficar até os 70,
embora goste disso, sinta falta.
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