São Paulo, domingo, 01 de dezembro de 2002

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PERSONAGEM

"Se a CBF chamar, eu aceito", diz, enfim, Parreira

DA REPORTAGEM LOCAL

Identificado com o Fluminense há muitos anos e com o Corinthians há poucos meses, o técnico Carlos Alberto Parreira, 59, é personagem central do duelo entre os times na semifinal do Brasileiro-2002.
Em entrevista à Folha, o treinador falou pela primeira vez da possibilidade real de voltar à seleção. (RBU E PGA)

Folha - Já está certa sua permanência no Corinthians?
Carlos Alberto Parreira -
Não sentamos para conversar. Será nos próximos dias. A seleção japonesa pode levar parte da minha comissão técnica. O Zico quer o Cantareli, o Moraci...

Folha - Você poderia seguir sem a comissão técnica atual?
Parreira -
Não gostaria de trabalhar sem eles. Minha idéia é que todos fiquem. Acho que o Jairo fica. Posso até continuar sem eles, mas não gostaria.

Folha - Dois títulos importantes e perto do troféu do Brasileiro. Por que o ano foi tão bom?
Parreira -
Foi um ano de muita regularidade. Isso está acontecendo desde o início do trabalho. Não deixamos acontecer crises. Veja que não perdemos nunca dois jogos seguidos.

Folha - Achavam que você não tinha perfil para o Corinthians...
Parreira -
Me identifiquei muito com o clube. Hoje, eu já sinto isso. Diziam que era aristocrático demais para o Corinthians. Sou educado, é diferente. Falo a língua dos jogadores, tenho uma filosofia definida, acredito em princípios.

Folha - Muitos técnicos dizem que é difícil trabalhar no Corinthians pela pressão. Sentiu isso?
Parreira -
A pressão tem sempre. Uma vez perdemos do Atlético-PR, a torcida protestou. Mas é tranquilo. Falam do Roque [Citadini, vice de futebol", mas ele deixa o trabalho com tranquilidade. O Edvar Simões também. São só os dois. Vou uma vez ou outra falar com o Dualib [presidente".

Folha - Você pode terminar o ano com os principais títulos do país na temporada e seu nome já era forte na CBF mesmo sem isso. É hora de voltar à seleção?
Parreira -
Se a CBF chamar, eu aceito. Tenho interesse. Como treinador, já disse que não. Como coordenador, porém, sim. Estudaria uma proposta.

Folha - Gostaria de algum nome para o cargo de técnico?
Parreira -
O nome do treinador tem que ser um consenso dentro da CBF. Não algo que saia só do coordenador.

Folha - Chamam seu time de pragmático. Isso incomoda?
Parreira -
Nunca me preocupei com isso. Aprendi desde cedo a nunca esperar por aplausos. Algumas pessoas começam a entender melhor as coisas, mudaram alguns conceitos. Foi um ano me expondo aqui no Corinthians. Mas, se eu tivesse o Ricardinho, o Diego e o Robinho, seria diferente.

Folha - O Santos seria o pior adversário em uma final?
Parreira -
Além da qualidade técnica, o Santos foi competitivo contra o São Paulo. Eles têm um time mais solto que o nosso. Mas defendem tanto quanto a gente. O Grêmio é mais difícil, muito calculista, frio, eficiente no mata-mata. Mas não vai ser fácil passar pelo Santos.

Folha - Você confia muito no Corinthians no mata-mata...
Parreira -
Isso vem da torcida, da tradição. Essa coisa de chegar bem ajuda. Perdemos os principais jogadores, Dida e Ricardinho. Vencemos com a dedicação e a qualidade do grupo.

Folha - Você já tem planos para encerrar sua vida no futebol?
Parreira -
Estou alcançando 60 anos. Não vou ficar até os 70, embora goste disso, sinta falta.



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