|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FUTEBOL
Atacante santista melhora em dez fundamentos no segundo turno do Brasileiro e lidera time na corrida atrás do bi
Robinho afina pontaria para resgatar a 7
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma arrancada fulminante, como a que costuma dar em direção
às zagas adversárias. Foi assim,
melhorando em dez fundamentos no segundo turno do Brasileiro, subitamente, que Robinho
voltou a conferir graça à camisa 7,
tão vazia nos últimos tempos.
Na atual etapa da competição,
ele voltou a brilhar com belos gols
e jogadas de arrancar aplausos até
das torcidas adversárias.
O atacante santista, principal
trunfo do time para vencer o Corinthians hoje, agora rende mais
em quase todos os fundamentos.
A mudança de Robinho entre o
primeiro e o segundo turno do
Nacional é notável, e, de acordo
com o Datafolha, o jogador melhorou suas médias em dez dos 15
fundamentos avaliados.
O maior progresso ocorreu na
pontaria: o atacante dobrou sua
eficiência e hoje acerta, em média,
1,6 arremate a gol (contra 0,7).
A explicação para o sucesso são
os treinos, diz o atleta. Ontem,
meia hora após o encerramento
da atividade para o clássico de hoje, ele continuou em um dos campos do CT Rei Pelé exercitando
arremates a gol. Do lado de fora, o
meia Diego até gritou: "O treino já
acabou". Mas Robinho insistiu
em cobrar de pênalti e nas finalizações a partir de cruzamentos.
E foi essa insistência e o acerto
da pontaria que resultaram em
mais gols na conta pessoal de Robinho. Em 14 jogos no primeiro
turno, ele havia marcado três vezes. Agora, em 13 jogos, fez cinco
(quatro nas duas últimas rodadas). A falta de pontaria era a
principal crítica do técnico Emerson Leão ao atacante.
Com a mira calibrada, Robinho
está mais confiante para tentar
balançar as redes. No primeiro
turno, ele fazia apenas 1,8 finalização, em média, por jogo. Agora
são 3,4 arremates. Essa marca colocava o santista como o sexto jogador que mais finaliza na competição até o início desta rodada.
Robinho passou a ser mais procurado pelos outros jogadores do
Santos. No primeiro turno, ele recebia 29,4 bolas. Agora, é acionado 32,8 vezes, em média.
Tradição e desgraça
No Brasileiro, em que a maioria
das equipes escala com a 7 jogadores com mais facilidade para
marcar do que driblar, Robinho é
o único representante da escola
de habilidosos atletas acostumados a usar esse número na camisa.
Tesourinha, ídolo de Inter, Vasco e Grêmio nas décadas de 40 e
50, foi um dos primeiros a tornar
notória a camisa 7 como exemplo
de ofensividade em campo.
Era a época de ouro dos pontas-direitas, posição que teve em Garrincha seu máximo expoente.
No Brasil, os pontas caíram em
desgraça a partir de 1980, quando
Telê Santana assumiu a seleção
brasileira e trouxe o terceiro homem de ataque para o meio-campo. O bordão "bota ponta, Telê!"
acompanhou o treinador até a
campanha no Mundial de 1982.
De lá para cá, o camisa 7 foi recuando e perdendo o carisma que
consagrou inúmeros atletas da
posição. O primeiro Brasileiro de
pontos corridos dá uma dimensão do atual desprestígio da camisa 7. Hoje praticamente um reduto de marcadores limitados e de
pouca qualidade técnica. Até zagueiros -Igor e Juliano, do Atlético-PR- vestiram o uniforme.
Segundo o Datafolha, no Nacional a 7 foi envergada, em sua
maioria, por atletas com preocupações defensivas: volantes e laterais somam 39,3% nessa estatística, superando os atacantes (34%).
Nomes como o do são-paulino
Fábio Simplício, do corintiano
Fabrício e do gremista Tinga, que
não prezam pela criatividade e
que nem de longe remetem ao talento dos predecessores ilustres.
Na seleção, a situação é a mesma. Em Copas, Bebeto foi o último atacante a atuar com a 7, há
nove anos. No Mundial-98, a camisa foi destinada por Zagallo a
um jogador convocado por pressão do coordenador técnico Zico:
Giovanni, que atuou só 45 minutos. Em 2002, nova decepção: o escolhido, o volante Emerson, contundiu-se e foi substituído por Ricardinho, meia com mais habilidade, mas que pouco jogou.
(ALEC DUARTE E PAULO COBOS)
Texto Anterior: Estrela solitária Próximo Texto: Memória: Ícone da camisa faria 70 anos na semana passada Índice
|