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FUTEBOL
É chegar e le(a)var!
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
Roman Abramovich, incrível,
não é um fenômeno isolado
no futebol mundial. O magnata
russo que balançou as estruturas
da bola ao adquirir o Chelsea e
inchá-lo de craques sem se preocupar com gastos é o reflexo da
realidade atual do esporte.
Os clubes estão desesperados
atrás de dinheiro, e alguns turbinados empresários usam o futebol para livrar a cara. Depois de
Roman, a Inglaterra especula que
Vladimir Potanin, outro russo bilionário à custa do petróleo, tome,
pelo menos em parte, conta do
forte Arsenal, rival do Chelsea.
O que será dito se dois tradicionais times londrinos ficarem nas
mãos de dois ""jovens" executivos
da Rússia (Roman, 36 anos, e Potanin, 42)? Lavagem de dinheiro.
Mikhail Khodorkovsky, o maior
dos reis do petróleo russo, teve
suas ações bloqueadas pela Justiça de seu país nos últimos dias.
Especula-se que outros magnatas
russos do setor, grandes beneficiários da onda de privatizações pós-União Soviética, também são alvos do presidente Vladimir Putin.
O rico futebol inglês, vendo as
ações de seus clubes em baixa, é
presa fácil para investidores estrangeiros, especialmente os que
querem loucamente tirar dinheiro de seu país. O Leeds acaba de
anunciar a quebra de um recorde:
foi o time que teve o maior prejuízo da história da Premier League
em um ano ( 72 milhões).
O recorde anterior pertencia ao
Fulham ( 58 milhões). O Leeds,
time de expressão, ocupa também
a terceira posição na lista de prejuízos em um ano ( 49 milhões
na temporada passada). Sem
exageros, é chegar e levar o Leeds.
A sede de Roman de trocar toda
a sua fortuna da Rússia para o
Reino Unido foi destacada pela
Fifa. A entidade comemorou a
""ajuda" do Chelsea (após o russo,
chamado de Chelsky) ao Notts
County, time profissional em atividade mais antigo do planeta. O
simpático clube de 1862, um dos
fundadores da liga inglesa, pena
na segunda divisão (a 3ª) com
uma dívida de ""míseros" 9,5
milhões. Acontece que no dia 9 de
dezembro o Notts County pode
mesmo fechar as portas se não
abater esse débito. Em jogo contra
o Chelsea, o Notts County ficou
com camisas autografadas das estrelas de Roman para pegar algum troco em rifas e leilões.
Convenhamos, Roman não é o
santo que sugere a Fifa. Nem um
grande conhecedor de futebol e de
seu mercado. O jogador que custou mais para ele não foi Verón,
Crespo ou Makelele. Foi o irlandês Duff. Bom jogador, mas não
mais que isso. A defesa do Chelsea
continua vulnerável, falta um goleiro mais seguro. Mas a questão
aqui não é futebol. Será que o interesse dele é mesmo formar o melhor time do mundo ou só desovar
parte de seus US$ 5,7 bilhões?
Não é só Roman e não é só na
Rússia. O magnata mexicano Jorge Vergara, que já estendeu tentáculos para fora de seu país há
tempos, emplacou o Chivas na
MLS, a liga americana que também sente a falta de dólares. Um
time mexicano nos EUA meio como um time russo na Inglaterra.
Da África já havia saído Al Saadi
Gaddafi, filho do ditador líbio
que brinca com ações de times,
até da Juve. Vai algum clube aí?
Barcelona
Ferran Soriano, um dos vices do clube catalão, anunciou plano para
pagar em dez anos a dívida de 219 milhões do time.
Roma
Entre julho e setembro, o clube perdeu 25 milhões. Ótimo, pois no
mesmo período no ano passado perdeu 40,6 milhões.
Lazio
Não houve outra saída senão pagar atletas com ações do clube.
Mundo
International Football Finance Group surge nos EUA como o primeiro fundo de investimento 100% futebol. Já há contatos no Brasil.
E-mail: rbueno@folhasp.com.br
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