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FUTEBOL
Vaidosos e competentes
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Há quase consenso entre
torcedores e a crônica esportiva que Luxemburgo e Leão são
os dois melhores técnicos que
atuam em clubes brasileiros. Existem outros que estão muito bem,
como Cuca, Bonamigo e Tite.
Luxemburgo e Leão já devem
ter recebido muitas propostas para mudarem de clubes no final do
ano. O técnico do Cruzeiro renovou o contrato e disse que só sairia se houvesse convite de uma
das grandes equipes da Europa, o
que é quase impossível.
Pelos noticiários, é quase certa a
saída do Leão, que deverá ir para
uma equipe que disputará a Libertadores. No momento, São
Paulo e Atlético-MG, clube em
que ele fez um bom trabalho, são
os mais fortes interessados.
Luxemburgo e Leão não só dirigem as suas equipes, como também exercem as funções de coordenador e gerente. Indicam a
contratação e a dispensa de jogadores, comandam a comissão técnica e participam das decisões da
diretoria, em relação ao futebol.
Anos atrás, Luxemburgo, Leão
e a maioria dos técnicos brasileiros tinham um comportamento
teatral e agressivo na lateral do
campo. Gritavam, gesticulavam,
reclamavam e, às vezes, ofendiam
os árbitros e os auxiliares. Isso
tem mudado. Ainda bem. Até o
Luxemburgo tem reclamado pouco, com exceção das ofensas ao
árbitro do jogo contra o Flamengo, pela Copa do Brasil, quando
foi, merecidamente, suspenso.
Leão é hoje exceção. Reclama
de tudo, com ou sem razão. Passou a implicar com os jogadores
mais famosos. Recentemente,
substituiu o Diego sem motivo,
quando o time precisava reagir. O
jogador ficou com cara de quem
não gostou, mas não disse nada.
Há dois meses, Leão barrou o
Robinho, com razão, porque ele
jogou mal várias partidas. Isso fez
bem ao jogador. Porém, contra o
Cienciano, no momento em que a
bola começava a chegar ao ataque e o Robinho ensaiava ótimas
jogadas, o técnico trocou o jogador pelo William. Todos pensaram que sairia o Fabiano.
Fabiano, improvisado de centroavante, é o xodó do Leão.
Cumpre todas as ordens e ainda
pergunta ao técnico se ele quer
que ele faça mais alguma coisa.
Após a excelente exibição do time
contra o Coritiba, Leão disse que
o Fabiano tinha sido o melhor jogador, pois abriu espaço na defesa. É o famoso jogador tático.
Nesse jogo, Fabiano saiu da
área para receber a bola, tocou
para trás ou para o lado e não fez
nada importante. Se ele fizer hoje
o gol da vitória contra o Corinthians, nada muda. De vez em
quando, qualquer centroavante
faz gol. Se ele jogar bem várias
partidas, vou elogiá-lo. Na verdade, Fabiano e William são fracos
para serem titulares do Santos.
Luxemburgo está mais discreto
nos jogos. Em compensação, não
suporta críticas, mesmo corretas,
quer pautar e corrigir a imprensa
e até dá aula de ética. Semanas
atrás, reuniu jornalistas e quis
convencer a todos que a agressão
do Edu Dracena foi falta normal.
Mostrou imagens do Alex Alves
fazendo o mesmo. Uma agressão
não justifica a outra.
As explicações do técnico serviram para evidenciar ainda mais
a violência da falta, com ou sem a
intenção, e para aumentar a convicção do STJD de que o jogador
deveria ser suspenso, Luxemburgo foi um péssimo advogado.
Luxemburgo e Leão são ótimos
treinadores, principalmente
quando têm tempo, boa estrutura
profissional e excelentes jogadores para fazerem seus trabalhos.
Porém os dois querem ser mais
realistas do que o rei, mais poderosos do que o poder, mais competentes do que a competência e
mais espertos do que a esperteza.
Acabam sendo também mais prepotentes e vaidosos do que a prepotência e a vaidade.
Quase craque
Não houve surpresa na convocação dos 17 "estrangeiros". Os
outros cinco mais prováveis são:
Julio César (Marcos deve atuar
pelo Palmeiras), Renato, Alex,
Luis Fabiano e Diego. Na posição
e acima do Diego, há três reservas: Alex, Kaká e Juninho Pernambucano, que também pode
atuar de volante.
Por isso, convocaria o Robinho,
e não o Diego. Robinho é um jogador diferente. Atua pelo meio e
pelas laterais. Pode ocupar o espaço do Denílson, que era boa opção pela esquerda. Não há no
elenco nenhum atacante veloz
que atua pelos lados.
Em vez de se tornar um craque,
tinha receio de que o Robinho se
transformasse num Denílson piorado. Ele já é um Denílson melhorado. Quase craque.
E-mail: tostao.folha@uol.com.br
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