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FUTEBOL
Debandada de jogadores para o exterior faz Teixeira mudar de opinião
Agora, CBF admite adaptar seu calendário ao europeu
FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC
Depois de ignorar proposta do
governo FHC de adequar o calendário do futebol brasileiro ao europeu, a CBF mudou de idéia.
Avalia que foi um erro não seguir o modelo da Europa e tentará
mudar as datas de início e fim dos
próximos torneios nacionais.
À Folha, o presidente da entidade, Ricardo Teixeira, disse que seu
próximo objetivo é fazer o Brasileiro ser disputado de agosto a
abril. "Vamos colocar o Nacional
na mesma época dos europeus.
Podemos perfeitamente fazer
uma temporada. Esse é o próximo
passo na modernização do futebol brasileiro", disse Teixeira, por
telefone, dos Estados Unidos.
O principal motivo para a decisão da CBF está no desmanche
dos clubes com o torneio de 2003
ainda em andamento. Quase todos os grandes times tiveram baixas após a abertura do mercado
europeu, em junho.
O Corinthians perdeu Fábio Luciano, Jorge Wagner, Leandro e
Lucas. O Santos vendeu Ricardo
Oliveira. O São Paulo, Júlio Baptista. Deivid (Cruzeiro) e Robson
(Paysandu), dois dos principais
artilheiros do torneio, também
aceitaram propostas do exterior e
deixaram seus clubes na mão.
Com o Brasileiro disputado de
agosto a abril, o problema do desmanche estaria resolvido. Os
mercados brasileiro e externo ficariam abertos na mesma época.
O resultado da debandada, aliada à diminuição do público nos
estádios, deu argumentos para
que os defensores do sistema mata-mata pedissem o fim dos pontos corridos já em 2004. São os casos de Vasco e Corinthians, que,
longe do pelotão da frente, vêem
minguar suas receitas e chances
de conquistar o título.
A debandada de atletas encontra ressonância na CBF. "Você há
de convir que a saída de vários jogadores durante o Nacional não é
uma coisa boa. Temos que, ao fim
do campeonato, fazer um balanço
dos acertos e erros e procurar melhorar", afirmou o cartola.
Outro problema que se agrava
com o atual modelo acontecerá
nos anos pares, quando são disputados os principais eventos esportivos do planeta, a Copa do
Mundo e os Jogos Olímpicos.
Nos anos de Copa, por exemplo,
o Nacional de nove meses teria
que ser suspenso em maio.
No plano político, a mudança
traria frutos para Teixeira. A confecção de um único calendário de
âmbito planetário é uma das principais metas do suíço Joseph Blatter, a quem o brasileiro sonha suceder na presidência da Fifa.
Um dos argumentos da CBF para ainda não ter implantado o sistema europeu é uma resolução do
extinto Conselho Nacional do
Desporto, que exige que as férias
dos atletas comecem na segunda
quinzena de dezembro.
O problema é que a resolução
5/84 já foi revogada há cinco anos,
com a regulamentação da Lei Pelé
em 29 de abril de 1998.
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