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FUTEBOL
O de sempre
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
O campeão na Itália: Juventus. E na Espanha? Real
Madrid. Na Inglaterra, o Manchester está com a mão na taça. O
Bayern já deu a volta olímpica na
Alemanha. Porto e PSV vibram
antecipadamente em Portugal e
na Holanda, respectivamente.
Exceção feita ao Campeonato
Francês, que tradicionalmente
define seu campeão bem no final,
os torneios na Europa apresentam resultados previsíveis.
As competições são legais do
mesmo jeito, e há quase sempre
surpresas nas disputas pelas vagas nas copas européias e contra o
rebaixamento, mas não dá para
mascarar o fato de que tudo é
meio "o de sempre", com raras exceções nas últimas temporadas.
Na Copa dos Campeões, que
não tem pontos corridos, os semifinalistas também são dos mais
óbvios. Três gigantes italianos
(Inter, Juventus e Milan) desafiam o único time superpoderoso
de fato do planeta (Real Madrid).
Ao mesmo tempo que fica um
sentimento de justiça porque os
melhores chegaram ao topo, paira, especialmente na cabeça dos
críticos do futebol internacional,
a idéia de mesmice, tédio etc.
A F-1 cansou de ver Michael
Schumacher atropelar facilmente
os seus adversários e mudou suas
regras para equilibrar a disputa.
A NBA, que assiste a um reinado
meio chato dos Lakers depois da
era Jordan nos Bulls, tem no draft
um sistema para equiparar um
pouco os times. E o futebol?
Os clubes mais poderosos estão
cada vez mais passando por cima
das federações. Como a coluna
apontou no domingo passado, o
G-14 na Europa, depois de colocar
a Uefa contra a parede, está no
pescoço da Fifa, brecando o Mundial de Clubes, atacando a Copa
dos Confederações, esfriando
amistosos de seleções e, agora, cobrando dinheiro até pelas Copas.
Não há federação na Europa
hoje em condições de desafiar os
times grandes, de regular os torneios de forma a equilibrá-los (no
Brasil, o Clube dos 13 estranhamente abaixou a cabeça para a
CBF). Os limites para estrangeiros
foram afrouxados ao longo dos
anos, e aquisições de passaportes
comunitários se multiplicaram.
Também não existem ligas ou
regulamentos que mandem os
melhores jogadores para os clubes
mais frágeis. Ao contrário, a lei do
mercado coloca as mais destacadas revelações na elite da bola.
A Fifa tem tentado de várias
formas, desde a gestão João Havelange, diminuir a diferença entre
as seleções, investindo no futebol
africano e asiático, por exemplo.
Tem conseguido, mas praticamente nada pode fazer no que se
refere aos times -o Mundial de
Clubes é ainda uma tentativa.
O empresário Silvio Berlusconi,
homem-forte do Milan, preconizou já nos anos 80 que o controle
do futebol seria dos clubes, que
são os empregadores dos atletas,
os donos da maior parte do calendário, os que mais tratam com os
patrocinadores e a televisão.
Se você curte a atual temporada
da F-1, com Raikkonen na ponta,
ou aposta que o lanterna Denver
se agigante na próxima edição da
NBA, saiba que no futebol, talvez
o esporte em que a "zebra" seja
mais possível em um jogo, vai dar
o "de sempre" por muito tempo.
Copa dos Campeões
O embalado Real Madrid (nove títulos) é total favorito contra a desfalcada Juventus (duas taças). O reforçado Milan (cinco troféus) leva
ligeira vantagem contra a malograda Inter (duas conquistas).
Copa da Uefa
O Porto (campeão europeu de 1987) tem tudo para bater o Celtic
(campeão do continente em 1967) na final em Sevilha (Espanha).
Libertadores
Já escrevi que apenas 5 dos 16 que sobraram não têm uma final do
nobre torneio no currículo. O único desses cinco que conseguiu vencer um dos outros 11 tradicionais nos jogos de ida das oitavas-de-final foi o heróico Paysandu, a sensação do planeta na temporada.
E-mail rbueno@folhasp.com.br
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