São Paulo, domingo, 04 de julho de 2004

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ANÁLISE

Vitória de Scolari abrirá mercado a brasileiros

CARLOS ALBERTO PARREIRA
ESPECIAL PARA A FOLHA

A festa vai ser linda hoje em Lisboa. Além da ligação familiar e histórica com o país, tenho mais um motivo para torcer pelos portugueses. Acredito que uma vitória dos donos da casa no estádio da Luz na final da Eurocopa servirá também para o mercado europeu se abrir para os treinadores brasileiros. Com certeza, a conquista do Scolari terá um grande simbolismo para os técnicos daqui, que sempre foram rejeitados no velho continente.
O excelente trabalho dele já serviu para mostrar aos europeus que temos qualidade. Agora, quero ver o esforço do Luiz Felipe coroado numa festa emocionante.
Fora do campo, os portugueses também estão dando um show de organização na Euro. Estive em Portugal no início do torneio e vi estádios modernos. Arenas lindas e construídas para funcionar também fora dos dias de jogos. Sem dúvida, Portugal é um exemplo a ser seguido pelos brasileiros na organização da Copa-2014.
Gostei muito do clima criado no país durante a minha passagem por lá no mês passado. Todas as ruas e casas estavam enfeitadas. O povo incorporou de corpo e alma o time montado pelo Scolari.
A derrota no primeiro jogo para os próprios gregos, adversários de hoje, foi uma decepção imensa. A expectativa era muito grande para a estréia. A psicologia explica isso. Quanto mais alta a expectativa, maior a frustração. Ali, o povo pegou firme no pé do Scolari e dos jogadores. Mesmo assim, ele teve tranqüilidade e mudou a cara da seleção. Depois da primeira vitória, o país todo voltou a apoiá-lo.
Portugal tem um time tecnicamente bom. Na última Eurocopa, a equipe já tinha chegado às semifinais. O Felipão trabalhou com inteligência. Ele aproveitou os jogadores mais experientes e fez uma ótima renovação. Também está sendo muito feliz nas suas mexidas. Com os resultados aparecendo no campo, o time está de bem com o treinador e com a torcida. Neste cenário, dificilmente os portugueses vão perder esta final. A equipe está com cara de campeã. Hoje, espero que os bares e as casas de fado não fechem tão cedo. O português tem o direito de comemorar essa conquista.
Aproveito para fazer algumas considerações sobre o que gostei dentro de campo na Eurocopa. Tecnicamente, o campeonato não foi um fracasso. A República Tcheca comprovou que é uma das novas potências do futebol europeu. E a Grécia, que vai enfrentar os portugueses, também joga de forma bonita.


Carlos Alberto Parreira, 61, é técnico da seleção brasileira de futebol


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