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FUTEBOL
De volta à Ásia
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
Dizem que o que é bom passa
rápido. Pois é, já tem um
mês que a Copa acabou. Boa hora
para dar uma verificada nos efeitos do Mundial-2002. Não no
Brasil (não sabemos ao certo ainda se algo mudará), mas nos dois
distantes países-sede do torneio.
Como não poderia deixar de
ser, muita coisa está diferente por
lá. O futebol deu sim uma boa
mexida com os países-sede do
evento. A J-League a e K-League
estão batendo recordes de público. Uma rodada da liga japonesa
depois da Copa levou 204.786 aos
estádios, um recorde -a marca
anterior era de 191.881 em julho
de 2001. Os primeiros números
após o Mundial mostraram aumento de 27% no público nos estádios do país. Isso apesar da escassez de grandes nomes no torneio, que teve o auge nos anos 90.
Uma partida entre Urawa Red
Diamonds e Jubilo Iwata, no estádio de Saitama, contou com
57.902 torcedores, terceiro maior
público da história da liga, que já
teve algumas atraentes decisões.
Na liga sul-coreana, uma rodada de meio de semana fez com
que 115.395 comparecessem aos
jogos, também um recorde. Nos finais de semana, uma marca histórica já havia caído antes, pois
mais de 25 mil pessoas, em média,
foram assistir às partidas de uma
rodada -o jogo entre Ulsan Tigers e Chonbuk Motors reuniu
mais de 39 mil pessoas.
Chung Kul-il, secretário-geral
da federação sul-coreana, já chegou a afirmar que a presença de
torcedores nos estádios do país
neste ano poderá ser 50% maior
do que a dos últimos anos.
Há a possibilidade de surgirem
novos clubes de ponta na Coréia
do Sul na esteira da Copa. Isso
porque algumas cidades-sede do
torneio, como Seogwipo, Daegu e
Gwangju, não têm times na elite e
querem aproveitar o embalo.
A K-League pode passar de 10
para 14 participantes, o que lhe
renderia reconhecimento da Fifa
como liga de primeira divisão.
O governo sul-coreano está estudando a possibilidade de facilitar a vida dos atletas que atuam
no país, cobrando menos impostos deles, por exemplo. E a Korea
Telecom, também por exemplo,
estuda criar um novo clube.
Com apoio estatal e da iniciativa privada, a K-League celebra
em 15 de agosto um jogo especial,
um ""All-Star Game", em Seul.
No Japão, até a liga da segunda
divisão colhe louros. Na J-League-2, alguns times investem pesado, e
o público se mostra motivado. É o
caso do Trinita, de Oita.
Mas a euforia dos asiáticos não
fez com que empresas parceiras
do torneio seguissem com a Fifa
até 2006. Das cinco companhias
japonesas que patrocinaram esta
Copa, apenas a Toshiba está garantida. As outras não querem
pôr dinheiro em um torneio fora
de casa e frustraram as esperanças da entidade de sair da lama.
Muitas empresas não-asiáticas,
porém, lucraram bastante com o
Mundial e certamente estarão na
Alemanha. A Nike foi a campeã
do chamado ""marketing de guerrilha". Pesquisas feitas na Inglaterra mostram que a parceira da
CBF é vista como patrocinadora
oficial da Copa quase tanto como
a rival Adidas, que pagou US$ 30
milhões para se ligar ao Mundial.
No final, foi bom para todos. A
Adidas vendeu 500 mil camisas
do Japão, a Nike esgotou seus uniformes sul-coreanos, os japoneses
venderam 38% mais TVs em
maio, e os clubes coreanos esperam movimentar agora bilhões
(isso mesmo) de dólares. Valeu!
De volta à Ásia
A chance que o São Caetano teve nunca mais terá. Pode até ganhar
outra Libertadores, um Mundial, mas deixar escapar a oportunidade de pegar o Real Madrid mais badalado de todos os tempos,
no estádio da final da Copa, em 2002, foi de chorar.
De volta à Inglaterra
Os ingleses fizeram disputa acirrada com os alemães para hospedar a Copa de 2006, mas perderam. Estariam na frente na disputa
para receber o Mundial seguinte na Europa, mas as modificações
no estádio de Wembley estão recheadas de burocracia e vão demorar. A Espanha pode passar na frente da Inglaterra.
De volta à África
Certamente o Mundial acontecerá na África, mais precisamente na
África do Sul em 2010. Mas agora falam em uma co-organização
África do Sul-Zimbábue. Será que vai mesmo acontecer?
E-mail rbueno@folhasp.com.br
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